sexta-feira, 23 de abril de 2010

Examinando os Escritos de L.F. Riesemberg

Segue o trabalho escrito pelo aluno norte-americano Travis Skeen, da Utah State University, a respeito da minha obra literária.
Muitas vezes temos experiências que marcam a vida; as que realmente movem a gente; as que nem sempre nos movem para o bem, mas sim para a escuridão e os fundos de nossas mentes distorcidas. Às vezes essas experiências destravam o portal para uma outra dimensão; uma que só pode ser encontrada por nós mesmos, e que nem os melhores e mais educados psicólogos podem entender. São estes lugares onde autores como Luiz Fernando Riesemberg descansam da realidade da vida e assim deixam suas mentes vaguearem, misturando fatos com ficção, criando contos realísticos fantásticos.

Quando começamos este semestre, lemos um conto chamado “O Coelhinho da Sorte” escrito por Luiz Fernando Riesemberg. Na verdade fiquei perplexo no final do conto em que o coelho teve que morrer daquele jeito. Foi tão esquisito como uma história de um coelho na floresta de repente vira um projeto de dissecação, então mandei um e-mail para o autor com essa pergunta. Quando eu recebi um e-mail de volta, fez sentido completamente. Ele me explicou que quando estava na escola ele teve uma aula de biologia. Durante uma semana Luiz e os colegas dele dissecaram um coelho. Ele ficou pensando da vida do coelho antes de morrer e virar este projeto morto na mesa, e foi isto que inspirou ele a escrever o conto do “Coelhinho da Sorte”. Depois de ler este e-mail eu fiquei pensando nos outros contos que tivemos lido já na nossa aula e as origens deles. “Talvez estes foram também inspirados por experiências reais...” questionei na minha mente. Então decidi aprender mais a respeito das fontes de inspiração dos contos de L.F. Riesemberg.

Depois de semanas de contato via e-mail com senhor Riesemberg, aprendi que mesmo sendo contos realísticos fantásticos, sim, muitos dos contos dele foram inspirados por suas experiências reais na vida. No conto chamado “A Visão” um rapaz cego conversa com o que parece ser um fantasma. Esta história foi inspirada por um rapaz cego que o senhor Riesemberg entrevistou para um jornal. Talvez o rapaz na verdade não tinha conversado com fantasma, isto não importa, mas o rapaz do conto é uma pessoa real. O conto “Atraso na Entrega” é sobre um e-mail que chegou atrasado na caixa de entrada do narrador. Esse foi tambeé inspirado por um atual experiência que Sr. Riesemberg teve com uma mensagem não lida na sua caixa de entrada. Então depois de ler a respeito dessas experiências foi uma confirmação que sim, experiências pessoais provavelmente inspiram muitos autores de escrever contos realísticos fantásticos.

Tem outros contos também no livro dele que foram inspirados por experiências que ele próprio teve, mas enquanto fazendo entrevistas virtuais com Luiz aprendi que são experiências e contos dos outros que também inspiraram muitos contos do L.F. Riesemberg. Por exemplo, o conto “A Máquina da Alegria” fala sobre um avô e neto. O avô constrói uma máquina que traz todos os sentimentos, cores e cheiros de felicidade do passado de volta para qualquer pessoa que entra dentro da máquina. No final do conto um “homem muito mau” quebra a máquina e não pode ser consertada. Tirando texto de um e-mail, Luiz disse: “O que me inspirou a escrever o conto ‘A Máquina da Alegria’ foi um segmento de Dandelion Wine, que possui uma trama parecida, e também as memórias de meu falecido avô”. Depois de ler fiquei pensando que provavelmente tem muito simbolismo com o “homem muito mau” e também em não podendo consertar a máquina. Então ambos Ray Bradbury, autor de Dandelion Wine, e o falecido avô inspiraram esse conto. Um outro conto que foi inspirado por outras pessoas na vida do Senhor Riesemberg foi “Panelas de Ouro”, que fala sobre uma cidade onde os velhinhos esconderam ouro e prata enterrado nos quintais para que os soldados do tempo não os roubassem. As próximas gerações iam buscando estes tesouros enterrados. O Senhor Riesemberg me informou que “’Panelas de Outro’ foi baseado em histórias que realmente aconteciam na sua região no tempo da sua avó. Essas histórias e experiências aparentemente tiveram algum tipo de impacto na vida da avó do Senhor Riesemberg. Por meio destes exemplos dá para ver que as vidas dos outros também inspiram autores como o Luiz.

Tem uma terceira maneira que L.F.Riesemberg mencionou que o inspirou. Esta foi um pouco diferente, e para mim foi até muito assustador: Pesadelos. Ele me falou que pelo menos dois dos contos do livro dele foram inspirados por pesdelos que ele próprio teve. Um foi “A Luta do Seculo”, onde um boxeador magrinho vai lutar com um homem do tamanho de um boi. No pesadelo de Luiz, foi ele mesmo o magro boxeador que não tinha chance de ganhar a luta. Ele sabia que não ia durar muito tempo no ringue com o gigante. Outra foi “A Emissora”, que conta sobre um homem dirigindo numa estrada isolada no meio da noite. Ele entra num acidente e bate o carro num árvore no lado da rua onde ele morre, ele se vê morto, e depois de rezar ele volta para a vida mortal. É um conto muito aterrador e misterioso. A primeira coisa que pensei foi “Puxa, que bom não fui eu que tive esse pesadelo”, mas é legal que o Senhor Riesemberg usou um pesadelo tão horripilante assim para gerar um conto fantástico realístico.

Depois de pesquisar e conversar bastante com o próprio autor de alguns dos contos que lemos em classe e mais contos do livro dele, eu entendi mais a respeito de como a inspiração para estes contos vem. É por meio de mais do que uma experiência própria, uma experiência de conto de um outro, e mais do que um pesadelo. O que todas estas influências têm em comum é que todos fizeram um impacto profundo na vida do Luiz Fernando Riesemberg; um impacto tal que ele sentiu o desejo de expressar estes acontecimentos por meio do papel e caneta.

Na minha própria vida ja tive muitas experiêncas legais. Já ouvi muitas histórias dos outros que pegaram minha atenção, já tive pesadelos, mas poucas vezes estas experiências viraram contos escritos em papel. Portanto, os que chegaram a ser escritos foram realmente momentos marcantes na minha vida. Foram experiências, por exemplo, quando eu e meu amigo entramos ilegalmente num grande zip-line e quase morremos. Ou quando sai de minha casa por dois anos para ser missionário numa terra longe de casa, falando uma lingua eu não conhecia. Quando eu e meu amigo entramos numa caverna funda e quase ficamos presos dentro da caverna para sempre. Estas, eu acredito, são as coisas na vida que o Luiz Riesemberg tem abraçado na sua vida e usado para criar estes contos tão espertos, em vez de se afastar destas experiências. São estas influências inspiradoras que destravaram o portal na mente do Senhor Riesemberg para um lugar diferente. Sim, um lugar talvez mais escuro, mas ao mesmo tempo um lugar onde ele pode se expressar livremente; onde ele pode capturar e prender esses demônios.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Escrito nas Estrelas: novela espírita


Desde que estreou, em 12 de abril, a nova novela das 6 tem atingido uma grande audiência e sendo bastante elogiada. Primeira trama de temática predominantemente espírita na emissora desde A Viagem, de 1994, Escrito nas Estrelas tem se mostrado bem ágil nas duas primeiras semanas, chegando a "matar" o mocinho logo no capítulo de abertura.

Escrita pela autora Elizabeth Jhin, o folhetim traz em primeiro plano a família do médico Ricardo Aguillar (Humberto Martins), que tenta se reerguer após o abalo de ter perdido Daniel (Jayme Matarazzo), seu filho único, em um acidente. O que ele não sabe é que o espírito do filho continua participando dos eventos da família, observando tudo o que acontece e às vezes até influenciando os encarnados a tomarem algumas decisões.

Pelo que pude perceber até agora, a novela não procura fazer o tipo "didática", ensinando termos complexos da doutrina espírita. Pelo contrário: está fazendo tudo de acordo com o tom de uma legítima novela das 6, forçando nos aspectos românticos e tornando a história o mais leve possível.

Com relação a este tratamento, não há nada do que se desculpar. Aliás, nas minhas aulas de literatura eu sempre faço uma comparação do gênero Romântico com as novelas das 6 da Globo. E se esse estilo faz tanto sucesso de público até os dias de hoje, é porque ele não pode ser ruim, não é mesmo?

O único problema que vejo em apresentar o Espiritismo de uma forma tão idealizada é que pode passar aos leigos uma imagem muito distorcida da doutrina. Por exemplo, no capítulo que foi ao ar dia 21/04, o personagem Daniel aprende que pode voar livremente por aí. A cena foi muito bonita, mas não levou nem dois minutos para surgir nas redes sociais da internet comentários como "Puxa, se depois da morte for assim, eu quero mais é morrer!". Sabemos que os espíritos podem volitar, sim, mas essa habilidade é adquirida por seus méritos, a custa de muito trabalho. Não é só querer e logo sair voando pela avenida Paulista.

Mas apesar desses voos da imaginação da autora, no geral o tom da novela não tem sido muito fora daquilo que estudamos na doutrina espírita. No capítulo do dia 22/04 os espíritos conversam sobre a necessidade de sintonia para se estabelecer contato com os encarnados, utilizando a comparação com um rádio. Puxa, eu sempre ouvi esse exemplo nos meus estudos sobre mediunidade!

O tema espírita é amplo, e felizmente Elizabeth Jhin demonstra ter conhecimento disso. É bem provável que a novela tome rumos bem inesperados, e que estes primeiros capítulos sejam apenas uma introdução ao que realmente vem por aí. Digo isso porque percebo que a história tem avançado em uma velocidade bem rápida, sem perder tempo em situações que não levam a nada e até abreviando cenas que um autor mais picareta exploraria mais. Por exemplo, em um minuto vemos dois personagens conversando sobre alguma coisa que eles precisam fazer, e depois corta para uma cena em que eles já fizeram aquilo. Isso não deixa aquela terrível sensação de que não acontece nada de realmente importante durante um capítulo, ou de que todo o suspense gerado sempre vai se revelar sem propósito.

Interessante também o jogo que é feito com os contos de fadas. Logo acontecerá um fato que lembra muito o baile da história da Cinderela, e já foram feitas referências diretas a esta personagem, inclusive a respeito do sapatinho de cristal.

Com relação ao elenco, acho que vale a pena ressaltar alguns pontos. Dos positivos nem há o que se falar: a atriz Nathalia Dill, que interpreta a batalhadora Viviane, faz um trabalho bem mais convincente aqui do que em sua novela anterior, Paraíso, quando pouco convencia na pele de uma menina rica e certinha. Humberto Martins está passando muito bem a tristeza de um pai que, só depois de perder o filho, percebe que poderia ter aproveitado melhor seu tempo — e também consegue transmitir o seu sincero desejo de redenção e renovação. Carol Castro tem mostrado que logo ganhará um papel de protagonista de novela das 8, encarnando uma Mariana tridimensional: simples, mas determinada; apaixonada, mas racional. E aquele que considero como um dos maiores atores do Brasil, Antônio Calloni, interpreta um personagem que os espíritas vão adorar e que vai fazer os ainda-não-espíritas olharem com muito mais interesse pela doutrina: o simpático Vicente é um apaixonado pelo Espiritismo e serve como um mentor, respondendo as maiores dúvidas dos não iniciados no assunto.

Como dá para perceber, elogiei o trabalho dos atores que interpretam os papéis dos "bonzinhos" da história. Mas como é uma novela das 6, por mais que os personagens busquem ser verossímeis e que seus inérpretes ressaltem o caráter humano de cada um deles, é impossível não haver os inevitáveis "vilões" da trama. E é aí que entram os pontos negativos da novela.

Até agora, os principais papéis de malvados cabem a quatro personagens: o truculento Gilmar (Alexandre Nero), a esnobe e interesseira Sofia (Zezé Polessa) e sua estúpida filha Beatriz (Débora Falabella) e a ciumenta Judite (Carolina Kasting).

De todos, até o momento Nero foi o único ator que conseguiu dar humanidade ao Gilmar, fazendo com que nos divertamos com seu jeito impaciente e puxa-saco, de modo que até torcemos para que ele mude e possa demonstrar seus outros atributos. Porém, a dupla de mãe e filha vivida por Polessa e Falabella parece ter sido criada somente com o intuito de ser objeto de ódio para o público. A mãe é petulante, grosseira, caprichosa e cínica, do tipo que reclama se vê a filha dos criados nadando na piscina em seu dia de folga e que estimula a própria filha a ter uma vida de luxo e facilidades. Já esta é apenas uma versão mais burra da própria mãe, não inspirando nem um pouco de simpatia e nem de graça, o que representa um total desperdício do talento de Débora Falabella.

O mesmo se aplica para Carolina Kasting, que até agora só fez cara feia para seu marido, o bondoso médico Dr. Guilherme (Marcelo Faria), e reclamando que não tem tempo para cuidar de si própria e que não quer que ele faça um trabalho voluntário aos sábados. Este ar maligno soa ainda mais anti-natural quando sabemos que a doce e forte Mariana está apaixonada pelo médico. Seria mais convincente se a autora da novela também apresentasse Judite como uma mulher que, apesar dos defeitos, também tem qualidades.

Mas, enfim: como eu escrevi lá no começo, Escrito nas Estrelas está só no começo e creio que ainda haverá muito tempo para desenvolver todos esses personagens e para responder várias questões que ainda nem foram comentadas. Por exemplo: por onde anda o pai de Viviane, e afinal por que ela ainda nem tentou encontrá-lo?

É cedo ainda, eu sei. Mas espero que o decorrer desta história seja tão cheio de emoção como foi A Viagem, que considero a melhor novela já prodizida pela rede Globo. Até o momento, Escrito nas Estrelas demonstrou ter gás o suficiente para chegar perto do que aquele trama conseguiu fazer nos anos 90.

terça-feira, 20 de abril de 2010

DR. BEZERRA FALA SOBRE AS HORAS DIFÍCEIS DA TRANSIÇÃO DO PLANETA


Mensagem do Espírito Bezerra de Menezes, contida no Livro “Herdeiros do Novo Mundo” ditado pelo Espírito Lucius através da psicografia do médium André Luiz Ruiz, recebida em 30 de julho de 2009.

“- Que a paz esteja em todos os corações, queridos filhos.
Observando o empenho de cada um na obra de todos nós, aqui estamos para congratular-nos com vossos esforços uma vez que, graças a eles, a eficiência dos atendimentos espirituais está ganhando em qualidade, o que se fazia necessário há muito tempo.
As horas difíceis se multiplicam a cada dia, no horizonte das criaturas que dormem.
Quando aconselhou ao homem convocado ao anúncio do Reino de Deus que deixasse aos mortos que lhe sepultassem o corpo do seu pai falecido, Jesus concitava-nos ao pensamento claro sobre a condição de mortos-vivos apresentada pela imensa maioria dos irmãos que estão ocupando corpos carnais neste momento, na terra.
Não dispostos a despertar ao som dos clarins generosos que convocam o idealismo ao serviço do Bem, os mortos-vivos estarão sendo chamados à vida, à consciência, à lucidez por meios diversos, mas igualmente dolorosos.
A falta de base firme, de alicerce na rocha, no entanto, fará com que esses imaturos seres, freqüentadores de religiões e cerimônias, não saibam como agir diante das agonias que terão de enfrentar.
Por esse motivo, queridos filhos, é que estamos aqui. É necessário estarmos alertas e vigilantes para que as angústias alheias não sejam assumidas como angústias próprias. São convocados a servir como enfermeiros junto à chusma dos doentes, lembrando-se de que precisam manter o cuidado para não se contaminarem com a epidemia.
E entre os homens haverá de se alastrar a do medo, a da revolta, a da agressividade à medida que a dor assumir a tarefa de produzir despertamento por atacado.
Não serão, apenas, as crises financeiras que irão toldar com seu manto de preocupações e angústias a alma dos indiferentes. Multiplicar-se-ão as enfermidades físicas, os acidentes geológicos e atmosféricos, as conflagrações sociais, de forma que a todos estará sendo avaliada a reação diante dos desafios diversos.
Serão bem-aventurados se guardarem a serenidade nas horas difíceis e, sem desespero nem entorpecimento, empenharem-se na obra da Esperança, sinalizando o caminho aos perdidos da rota.
Suas exemplificações serão tesouros no meio da tempestade e, graças a elas, os que possuam algum entendimento poderão encontrar forças para não desabarem na angústia coletiva nem tresloucarem-se em condutas desesperadas.
Dos dois lados da vida se realiza a grande transformação, já em andamento desde muitos anos, mas que se acelera nestes tempos, porquanto é necessário que todas as coisas sejam concretizadas.
Este aviso se destina a suas vidas pessoais, igualmente, porque em seus lares também repercutirão as mazelas que recairão sobre todos. Nada de privilégios especiais ou proteções injustificáveis, notadamente para aqueles que já sabem como se proteger.
Não seria lógico que se cuidasse mais do enfermeiro – que já se qualificou pelo aprendizado da enfermagem – do que do doente que nada conhece.
É como enfermeiros que estão habilitados na Escola da Vida todos aqueles que, como vocês, participam dos banquetes da Verdade do Espírito. Por isso, saberão velar pela dor alheia sem se olvidarem da higiene espiritual que os protegerá, da assepsia de pensamentos e sentimentos, da esterilização das palavras e atitudes para matar todos os germes que os contaminem com o mal.
Quando Noé aceitou construir a arca para salvar do afogamento os que nela quisessem entrar, assumiu para si próprio um imenso e extenuante trabalho. No entanto, graças ao devotado ancião, conseguiu ele próprio e sua família encontrarem a proteção e a segurança que os demais não quiseram, quando chegou o momento áspero da tormenta fatal.
Assim são os convidados do Senhor. Os próprios trabalhadores da última hora não estão livres do suor, do cansaço, do desgaste e dos testemunhos da fé.
No entanto, chegará o momento da serenidade se tiverem honrado com empenho a Obra de Deus.
Encarnados e desencarnados já estão sendo separados segundo suas vibrações específicas a fim de que a atmosfera humana não fique à mercê dos ataques da vasta horda da ignorância que se opõe aos nobres princípios representados pelo Cordeiro de Deus.
Esforcem-se por entrar pela porta estreita e não descansem até que o consigam. Do lado de fora, posso lhes afirmar, já há prantos e ranger de dentes.
Que a paz de Jesus vos abasteça em todos os momentos da vida, sobretudo na hora difícil dos testemunhos que são o prenúncio da Alvorada da Esperança.
Boa noite, queridos filhos.”

domingo, 18 de abril de 2010

Filmes


Chico Xavier : A aguardada cinebiografia do maior médium do Brasil (do mundo, na verdade) é um grande filme nacional. Muitos olharam com desconfiança, incluindo eu, o fato de ser dirigido pelo Daniel Filho e por contar com tantos atores da Globo no elenco: puro preconceito! O diretor entregou realmente um filme de cinema, e o elenco trabalha tão bem que esquecemos que já conhecemos aquelas carinhas há tanto tempo. Letícia Sabatella, por exemplo, tem uma participação tão especial que é uma pena que não tenha mais tempo em tela. Giovana Antonelli tem o seu melhor papel até hoje. A dinâmica entre Cristiane Torloni e Tony Ramos é fantástica, resultando em duas atuações muito emocionantes, dignas de Oscar. E olha que ainda nem falei dos principais: os intérpretes do protagonista. O trabalho de Nelson Xavier é fantástico, daquelas atuações mediúnicas mesmo (como a de Daniel Oliveira em Cazuza, a de Val Kilmer em The Doors e a de Jamie Foxx em Ray). Porém, é um trabalho que até empalidece diante da interpretação do médium mais jovem. Angelo Antonio encarna Chico de um modo tão doce, e tão ingênuo, com aquele sotaque "minerim", que para mim foi um dos personagens mais apaixonantes que já vi no cinema.

Pois bem, apresentado o trabalho dos atores, vamos ao roteiro. Baseado na biografia As Vidas de Chico Xavier, escrita pelo jornalista Marcel Souto Maior, o filme conseguiu extrair as melhores partes do livro, e ainda inovou: ao invés da narração em ordem cronológica, a história começa durante a histórica participação de Chico Xavier no programa Pinga Fogo, da TV Tupi, quando ele foi colocado à prova por vários entrevistadores. Ao responder questões sobre sua vida, ele vai recordando e acompanhamos suas memórias desde que era menino na cidade mineira de Pedro Leopoldo. Volta e meia o filme deixa as lembranças de lado e retorna ao programa, cujas cenas são inseridas de forma muito orgânica na trama. E além disso, acompanhamos o caso do diretor do Pinga Fogo, interpretado por Tony Ramos: um ateu que perdeu o filho e que vive uma crise no casamento por conta desta tragédia. Esta parte é inspirada no famoso caso real em que uma carta psicografada por Chico foi aceita como prova em um tribunal e libertou um réu da cadeia, já que a própria vítima disse ter sido morta por acidente de disparo de arma de fogo. Portanto, o roteiro foge de ser episódico e mostra-se mais dinâmico do que o livro. Uma questão interessante que preciso comentar é o fato de que o texto não subestima a inteligência do espectador: há várias sequências em que não está tudo explicadinho, e o público precisa prestar muita atenção e usar o cérebro para entender, como no caso dos jornalistas da revista Cruzeiro que tentaram enganar Chico passando-se por jornalistas estrangeiros, mas foram desmascarados.
Ok, roteiro aprovado, vamos comentar a direção de Daniel Filho.

Talvez seja neste ponto que o filme peque um pouco. Mesmo assim, não é nada que estrague o trabalho final. Só acho que o diretor poderia ser mais sutil em alguns momentos, como quando insere uma luz vermelha diante de um prostíbulo, ou quando todos os passageiros de um avião falam juntos a mesma palavra, quase estragando a piada que havia sido contada anteriormente. Outro ponto quase negativo que tenho que comentar é a trilha sonora equivocada. Quer dizer, os temas de suspense são bem intrigantes. Mas os melancólicos deixam a desejar, e caso eles fossem melhores poderiam fazer o filme ser mais emocionante. Mas creio que sejam pecadilhos diante da grandeza do filme. Pois para quem esperava uma produção em tom novelesco, como Olga, por exemplo, Chico Xavier é um Filme com F maiúsculo, realizado com técnicas de Cinema, e não de TV.

Assim, para fechar bem meu comentário sobre o filme, quero apenas dizer que várias cenas não sairão da cabeça do espectador: a do avião em pane, os doces momentos do padre interpretado por Pedro Paulo Rangel, as durezas do espírito Emmanuel, as marcas na barriga do pequeno Chico ocasionadas pela sua madrinha que lhe espetava garfos, o momento em que Tony Ramos cede às evidências e muda sua posição quanto à veracidade das cartas psicografadas, entre muitas outras.

Chico Xavier - o filme - é um retrato apaixonado do homem Chico Xavier, e dá pouco espaço para o mundo espiritual, preferindo concentrar-se naquilo que era visível para nós, aqui na Terra, sem criar um manifesto espírita no cinema. Se o público tiver motivos para admirar mais o médium depois de assistir a esta obra, será exclusivamente pelos seus admiráveis e inegáveis atributos humanistas, e não pelos seus méritos mediúnicos. (5 estrelas em 5)

Abraços Partidos : Novo filme do diretor Pedro Almodóvar, que foi malhado pela crítica. Por conta disso, assisti sem muitas esperanças, mas acabei não me decepcionando. Na verdade é um legítimo Almodóvar, com todos os elementos que há em seus últimos trabalhos: erotismo, fotografia de cores fortes, suspense, homossexualismo, metalinguagem... Na verdade, o que Almodóvar faz é mais ou menos o que o Tarantino tem feito. Enquanto o americano cria filmes estilizados baseados em filmes B e livrinhos baratos, o espanhol cria filmes estilizados baseados em melodramáticas historinhas novelescas. Mas até então Almodóvar sempre usou essa estética de forma muito equilibrada e conseguiu criar dramas muito convincentes atrás de uma fachada colorida e kitsch, e em Abraços Partidos parece que ele "abraça" demais esse tom meloso e passional, em detrimento do desenvolvimento das personagens. Não que isso atrapalhe muito. Afinal, são esses elementos que fazem o seu sucesso. Mas essa opção diminui as chances do filme envelhecer bem e de lhe possibilitar um estudo mais aprofundado.

Na trama, acompompanhamos um escritor cego que lembra de seu antigo caso com uma atriz casada (Penélope Cruz) quando se aventurou a dirigir um filme. Há muitas cenas gratuitas, como as que mostram a doença do pai dela, e o afilhado do diretor indo em coma após usar drogas. A explicação no ato final também me soou inadequada e longa demais. Porém, o filme tem muitas qualidades, todas já conhecidas dos fãs do cineasta espanhol. E fiquei muito surpreso quando percebi que o "filme dentro do filme" era uma espécie de remake de Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, dirigido pelo próprio Almodóvar em 1988. (4 estrelas em 5)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Revista SuperFICIAL


A revista Super Interessante, que acaba de chegar às bancas, traz na sua capa, a foto do Chico Xavier, como inúmeras outras revistas que estão nas bancas, de todo o Brasil.

Ocorre que a matéria, escrita por uma repórter, chamada Gisela Blanco, é um verdadeiro festival de bobagens, com objetivos claros de denegrir a imagem do Chico, bem como a do Espiritismo. Qualquer pessoa que ler, vai perceber as intenções da repórter e não será muito difícil concluir sobre qual deve ser a tendência religiosa dela.

O meu amigo, Richard Simonetti, que leu a revista antes de mim, escreveu, imediatamente, uma carta à Direção de Redação da referida revista, como espírita não omisso e não praticante da falsa humildade que ele é, e eu também escrevi a minha. Ressalte-se que o Simonetti não costuma, também, deixar sem respostas as besteiras que são publicadas contra o Espiritismo, pelas grandes revistas.

Quero informar que, dando uma olhada nas revistas de uma banca de um Shopping, aqui em São Paulo, verifiquei, rapidamente, 14 revistas, que trazem o Chico na capa, ou alguma citação a ele, com matéria falando dele, mas, de forma positiva.

Passo, então, para a sua apreciação, a minha carta e a carta do Simonetti.

O email do Diretor de Redação está aí: Sérgio Gwercman, sgwercman@abril.com.br e também o geral da própria revista Super Interessante, que é o sgwercman@abril.com.br. Caso você queira, também, mandar um e-mail para lá, fique a vontade.

A/C Senhor Sérgio Gwercman

Diretor de redação da revista Super Interessante


Sou assinante dessa revista há muitos anos. Sempre a encarei como publicação séria, fonte de informações a oferecer subsídios para meu trabalho como escritor espírita, autor de 49 livros publicados.

Essa concepção caiu por terra ao ler, na edição de abril, infeliz reportagem sobre Francisco Cândido Xavier, pretensiosa e tendenciosa, objetivando, nas entrelinhas, denegrir e desvalorizar o trabalho do grande médium.

Isso pode ser constatado já na seção “Escuta”, com sua assinatura, em que V.S. pretende distinguir respeito de reverência, como se reverência não fosse o respeito profundo por alguém, em face de seus méritos.

Podemos e devemos reverenciar Chico Xavier, não por adesão de uma fé cega, mas pela constatação racional, lúcida, lógica, de que estamos diante de uma personalidade ímpar, que fez mais pelo bem da Humanidade do que mil edições de Superinteressante, uma revista situada como defensora do bom jornalismo, mas que fez aqui o que de pior existe na mídia – a apreciação superficial e tendenciosa a respeito de alguém ou de uma notícia, com todo respeito, como pretende seu editorial, como se fosse possível conciliar o certo com o errado, o boato com a realidade, o achincalhe com o respeito.

Para reflexão da repórter Gisela Blanco e redatores dessa revista que em momento algum aprofundaram o assunto e nem mesmo se deram ao trabalho de ler os principais livros psicografados pelo médium, sempre com abordagem superficial, pretendendo “explicar” o fenômeno Chico Xavier, aqui vão alguns aspectos para sua reflexão e – quem sabe? – um cuidado maior em futuras reportagens.

De onde a repórter tirou essa bobagem de que “toda essa história começou com as cartas dos mortos?”

Se as eliminarmos em nada se perderá a grandeza de Chico Xavier. A história começa bem antes disso, com a publicação, em 1932, do livro Parnaso de Além-Túmulo, quando o médium tinha apenas 22 anos.

A reportagem diz: “Ele dizia que não escolhia os espíritos a quem atenderia, só via fantasmas e ouvia vozes. Mas parecia ser o escolhido por celebridades do céu. Cruz e Souza, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos e Castro Alves lhe ditaram versos e prosa.”

Afirmativa maliciosa, sugerindo o pastiche, a técnica de copiar estilo literário. O repórter não se deu ao trabalho de observar que no próprio Parnaso há, nas edições atuais, 58 poetas desencarnados, menos conhecidos e até desconhecidos, como José Duro, Alfredo Nora, Alma Eros, Amadeu, B.Lopes, Batista Cepelos, Luiz Pistarini, Valado Rosa… Poetas do Brasil e de Portugal que se identificam pelo seu estilo, em poesias personalíssimas enriquecidas por valores de espiritualidade.

Não sabe ou preferiu omitir a repórter que Chico psicografou poesias de centenas de poetas desencarnados, ao longo de seus 75 anos de apostolado, na maior parte poetas provincianos, conhecidos apenas nas cidades onde residiam no interior do Brasil. Pesquisadores constatam que esses poemas não são “razoavelmente fiéis ao estilo dos autores”. São totalmente fiéis.

Não tem a mínima noção de que a técnica do pastiche, a imitação de estilo literário, é extremamente difícil, quase impossível. Pastichadores conseguem imitar uma página, uma poesia de alguém, jamais toda uma obra ou as obras de centenas de autores.

Afirma que Chico foi autodidata e leitor voraz durante toda a vida, sempre insinuando o pastiche. Leitor voraz? Passava os dias lendo? Só quem não conhece sua biografia pode falar uma bobagem dessa natureza, já que Chico passava a maior parte de seu tempo atendendo pessoas, psicografando, participando de reuniões e atendendo à atividade profissional. Não conheço um único documentário, uma única foto mostrando Chico lendo “vorazmente”. Ah! Sim! Para a repórter Chico certamente escondia isso.

Fala também que Chico teria 500 livros em sua biblioteca e que “a lista inclui volumes de autores cujo espírito o teria procurado para escrever suas obras póstumas, como Castro Alves e Humberto de Campos”.

E as centenas de poetas e escritores que se manifestaram por seu intermédio. Chico tinha livros deles? E de poetas que sequer publicaram livros?

Quanto a Humberto de Campos, cuja família tentou receber na justiça os direitos autorais pelas obras psicografadas por Chico, o que seria ótimo acontecer, o reconhecimento oficial da manifestação dos Espíritos, esqueceu-se a repórter de informar que Agripino Grieco, o mais famoso crítico literário de seu tempo, recebeu uma mensagem do escritor, de quem era amigo. Reconheceu que o estilo era autenticamente de Humberto de Campos, mas que o fato para ele não tinha explicação, já que, como católico praticante, não admitia a possibilidade de manifestação dos espíritos.

Esqueceu ou ignora que Chico, médium psicógrafo mecânico, recebia duas mensagens simultaneamente, com ambas as mãos sendo usadas por dois espíritos. Desafio Superinteressante a encontrar um prestidigitador capaz de fazer algo semelhante.

Uma pérola de ignorância jornalística está na referência sobre materialização de Espíritos: “seria necessário produzir um total de energia duas vezes maior do que é hoje produzido pela hidroelétrica de Itaipu por ano, segundo os cálculos feitos por especialistas exibidos por reportagens sobre Chico nos anos 70.” Seria superinteressante a repórter ler sobre as pesquisas de Alfred Russel Wallace, Oliver Joseph Lodge, Lord Rayleigh, William James, William Crookes, Ernesto Bozzano, Cesare Lombroso, Alexej Akzacof e muitos outros cientistas respeitáveis que estudaram o fenômeno da materialização e o admitiram. Leia, também, sobre quem eram esses cientistas, para constatar que não agiam levianamente como está na revista.

A repórter reporta-se às reuniões mediúnicas das quais Chico participava como shows que o tornaram famoso e destila seu veneno. Cita o sobrinho de Chico que, dizendo-se médium, confessou que era tudo de sua cabeça, o mesmo acontecendo com o tio. Por que passar essa informação falsa, se o próprio sobrinho de Chico, notoriamente perturbado e alcoólatra, pediu desculpas pela sua mentira? Joga penas ao vento e espera que o leitor as recolha? Omitiu também a informação de que ele confessou que pessoas interessadas em denegrir o médium pagaram-lhe pela acusação.

Eram frequentes nas reuniões a ocorrência de fenômenos como a aspersão de perfumes no ambiente, algo que, deveria saber a repórter, costuma ocorrer com os médiuns de efeitos físicos. No entanto, recusando-se a colher informações mais detalhadas sobre o assunto, limitou-se a dizer que em 1971 um repórter da revista Realidade, José Hamilton Ribeiro, denunciou que viu um dos assessores de Chico Xavier levantar o paletó discretamente e borrifar perfume no ar. Sugere que havia mistificação, aliás, uma tônica na reportagem. Por que não foram consultadas outras pessoas, inclusive centenas que tiveram seus lenços inexplicavelmente encharcados de perfume ou a água que levavam para magnetizar, a exalar também um olor suave e desconhecido que perdurava por muitos dias?

Na questão das cartas, milhares e milhares de cartas de Espíritos que se comunicavam com os familiares, sugere a repórter que assessores de Chico conversavam com as pessoas, anotando informações para dar-lhes autenticidade. Lamentável mentira. E ainda que isso acontecesse, Chico precisaria ser um prodígio para ler rapidamente as informações e inseri-las no contexto de cada mensagem, de cada espírito, mistificando sempre.

E as mensagens dirigidas a pessoas ausentes? E os recados aos presentes? Não eram só mensagens. Eram incontáveis recados. A pessoa aproximava-se de Chico e ele, sem conhecer nada de sua vida, transmitia recados de familiares desencarnados, na condição de um ser interexistente, que vivia simultaneamente a vida física e a espiritual, em contato permanente com os Espíritos.

Lembro o caso de um homem inconformado com a morte de um filho. Ia toda noite deitar-se na sepultura do rapaz, querendo “ficar com ele”. Não contava a ninguém, nem mesmo aos familiares. Em Uberaba recebeu mensagem do filho pedindo-lhe que não fizesse isso, porquanto ele não estava lá.

Durante muitos anos Chico psicografou receituário mediúnico de homeopatia. Perto de 700 receitas numa noite. Ficava horas psicografando. E os medicamentos correspondiam à natureza do mal dos pacientes, sem que o médium deles tivesse o mínimo conhecimento. Na década de 70 tive uma uveíte no olho esquerdo. Compareci à reunião de receituário. Escrevi meu nome e idade numa folha de papel. Não conversei com ninguém. Após a reunião recebi a indicação de dois medicamentos. Tornando a Bauru, onde resido, verifiquei num livro de homeopatia que o dois medicamentos diziam respeito ao meu mal. Curaram-me.

Concebesse a repórter que, como dizia Shakespeare, há mais coisas entre a Terra e o Céu do que concebe nossa vã sabedoria, e não se atreveria a escrever sobre assuntos que desconhece, com o atrevimento da ignorância.

Outras “pérolas” da reportagem:

Oferece “explicações” lamentáveis para o fenômeno Chico Xavier.

Psicose, confundindo mediunidade com anormalidade.

Epilepsia, descarga elétrica que “poderia causar alheamento, sensação de ausência, automatismo psicomotor”, segundo a opinião de um médico. Descreve algo inerente ao processo mediúnico, que não tem nada a ver com desajuste mental, ou imagina-se que o contato com o Espírito comunicante não imponha uma alteração nos circuitos cerebrais, até para que ocorra a manifestação? E porventura o médico consultado sabe de algum paciente que produza textos mediúnicos durante a crise epilética?

Criptomnésia, memórias falsas, lembranças escondidas no subconsciente do médium, ao ouvir informações sobre o morto. Inconscientemente ele “arranjaria” essas informações para forjar a “manifestação”.

Telepatia. Aqui o médium captaria informações da cabeça dos consulentes e as fantasiaria como manifestação do morto. Como dizia Carlos Imabassahy, grande escritor espírita, inconsciente velhaco, porquanto sempre sugere que é um morto quem se manifesta, não ele próprio.

Informa a repórter que “acuado pelas críticas na Pedro Leopoldo de 15 mil habitantes, Chico resolveu fazer as malas e partir para Uberaba, um polo do Espiritismo onde contaria com um apoio de amigos”.

Mentira. Ele deixou Pedro Leopoldo, onde tinha muitos amigos, não por estar “acuado”, mas simplesmente seguindo uma orientação do Mundo Espiritual, em face de tarefas que desenvolveria em Uberaba que, então sim, com sua presença transformou-se em “polo do Espiritismo”.

Na famoso pinga-fogo a que Chico compareceu, em 1971, na TV Tupi, um marco na história das entrevistas televisivas, com uma quase totalidade de audiência, diz a repórter que Chico foi “bombardeado por perguntas. Mas se safou.” Bombardeado? Safou-se? O que foi essa entrevista, um libelo acusatório contra um mistificador? Se a repórter se desse ao trabalho de ver a entrevista toda, o que lhe faria muito bem, verificaria que o clima foi de cordialidade, de elevada espiritualidade, e que em nenhum momento os entrevistadores “bombardearam” Chico. E em nenhum momento ele deixou de responder as perguntas com a sobriedade e lisura de quem não está ali para safar-se, mas para ensinar algo de Espiritismo.

Falando da indústria (?) Chico Xavier, há um box sobre “Dieta do Chico Xavier”, que jamais seria veiculada por Chico. Usaram seu nome. Por que incluí-la nas inverdades sobre o médium, simplesmente para denegrir sua imagem, aqui sugerindo que seria ingênuo a ponto de conceber semelhante bobagem? Se eu divulgar via internet que Superinteressante recomenda o uso de cocô de galinha para deter a queda de cabelos, seria razoável que alguma revista concorrente citasse essa tolice, mencionando a suposta autoria, sem verificação prévia?

Falando dos 200 livros biográficos sobre Chico Xavier, a repórter escreve: “Tem até um de piadas, Rindo e Refletindo com Chico Xavier”. Certamente não leu o livro, porquanto não conhece nem o autor, eu mesmo, Richard Simonetti, nem sabe que não se trata de um livro de piadas, mas um livro de reflexão em torno de ensinamentos bem-humorados do médium.

Não fosse algo tão lamentável, tão séria essa agressão contra a figura respeitável e venerável de Chico Xavier, eu diria que essa reportagem, ela sim, senhor redator, foi uma piada de péssimo gosto!

Doravante porei “de molho” as informações dessa revista, sem o crédito que lhe concedia.

A repórter Gisela Branco esteve em Pedro Leopoldo e Uberaba com o propósito de situar Chico Xavier como figura mitológica. É uma pena! Não teve a sensibilidade nem o discernimento para descobrir o médium Chico Xavier, cuja contribuição em favor do progresso e bem estar dos homens foi tão marcante que, a exemplo do que disse Einstein sobre Mahatma Gandhi, “as gerações futuras terão dificuldade para conceber que um homem assim, em carne e osso, transitou pela Terra.”

E deveria saber que não vemos Chico Xavier como um mártir, conforme sugere. Não morreu pelo Espiritismo. Viveu como espírita. E se algo se aproxima de um martírio em seu apostolado, certamente foi o de suportar tolices e aleivosidades como aquelas presentes na citada reportagem.

Finalizando, um ditado Zen para reflexão dos redatores da Super:

O dedo aponta a lua.

O sábio olha a lua.

O tolo olha o dedo.


Richard Simonetti

Bauru, 3 de abril de 2010.

Fonte: http://blog-espiritismo.blogspot.com/2010/04/alamar-carta-revista-super-interessante.html

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Revisões


Não dá para parar no tempo. Temos que estar sempre nos reciclando, fazendo apostas mais altas em nós mesmos e criando novos caminhos.

Recentemente decidi fazer algumas grandes mudanças em minha vida, que representam ar renovado e puro nos meus pulmões. Isso inclui um novo ramo de trabalho e uma nova cidade como moradia. Para aproveitar, resolvi mudar outras coisas também.

Uma delas será que vou parar de querer ver tantas coisas novas, em termos de cultura. Sei que nunca vou conseguir assistir a todos os filmes que existem, nem ler todos os livros, nem conhecer todas as músicas. Portanto, vou rever, reler e reouvir tudo aquilo que já considerei importante um dia, para tentar descobrir qual foi a mensagem que aquela obra tentou me passar.

Por exemplo, o filme que mais amei durante minha adolescência foi Pulp Fiction - Tempo de Violência. Na época eu achava que era por causa do humor, da ação frenética ou dos criativos diálogos com referências à cultura pop. Hoje percebo que não era esse o motivo de eu considerar o filme tão bom e importante.

O maior mérito da obra-prima de Tarantino está na personagem de Samuel L. Jackson. Sim, para quem tinha essa dúvida, é Jules e verdadeiro protagonista do filme. Por que? Eu respondo: porque ele é o herói, ou seja, o cara que começa mau e termina bom, que começa como anti-modelo e acaba como modelo, que inicia como uma criatura maldita e termina salvo e querendo salvar os outros (Vince, o personagem de John Travolta, não lhe dá ouvidos e acaba daquele jeito humilhante, vocês sabem). O diálogo final do filme (que não é o fim da história cronologicamente) entre o negão e o assaltante é o que o roteiro tem de melhor: representa uma mudança de visão das coisas. Confesso que durante muito tempo aquilo não fez sentido para mim, e até me frustava, pois o que eu mais queria era que o irritante casal de assaltantes se desse muito mal, que levassem pelo menos uns dez tiros cada. Mas agora eu compreendo Jules quando ele comenta sobre a passagem da Bíblia que gosta de recitar: "A verdade é que você é o fraco e eu sou a tirania dos homens maus. Mas estou tentando, tentando mesmo, ser um pastor".

Por conta dessa revelação vou deixar de ler tanta porcaria e rever muitas coisas que já considerei
ótimas, para tentar compreender o que é que elas tinham para me ensinar, e que acabei não compreendendo na época, por falta de bagagem e experiência. Talvez eu já tenha entendido um pouco, mas é possível que algo tenha faltado. E de qualquer forma, se foi tão bom, nenhum mal me fará repetí-las. Esta é uma pequena listas do que preciso rever, reler:

Livros:
Lolita (Vladimir Nabokov)
O País de Outubro (Ray Bradbury)
As Vidas de Chico Xavier (Marcel Souto Maior - já estou relendo)
Persépolis (Marjane Satrapi)

Livros espíritas:
A Vingança do Judeu (Conde J.W. Rochester)
Herculanum (idem)
Nosso Lar (André Luiz)

Filmes:
O Filho da Noiva
Os Indomáveis

Bem, tem muito mais títulos, mas aí está um bom começo. E se estou dizendo que foram bons para mim, é claro que eu recomendo que vocês também os conheçam, ok?

sábado, 3 de abril de 2010

Filmes

Tropa de Elite : Como é bom revisitar uma obra bastante comentada depois que a poeira já abaixou! Só assim para apresentar uma opinião mais honesta, isenta e, consequentemente, mais confiável. Pois antes que se volte a falar deste grande sucesso brasileiro, já que logo vai sair uma continuação, aproveitei para revê-lo. E, uau! Continua exatamente com a mesma força da época do hype. Creio que nesta minha segunda olhada, Tropa de Elite mostrou-se ainda mais importante, pois o saboreei não apenas como um produto de entretenimento. Na época em que assisti lembro que o cinema estava lotado, e o grande público jovem se divertia a valer com aquelas falas do Capitão Nascimento que se tornaram populares bordões ("Pede pra sair", "Você é um fanfarrão", etc). A importância do filme, em primeiro lugar está na corajosa acusação feita contra as classes A e B, grandes consumidoras de drogas, e contra a corrupção policial. Mas vai muito além: edição furiosa, interpretações corajosas, direção cuidadosa e trilha sonora maravilhosa. Outro ponto importantíssimo, e responsável direto pelo sucesso do filme, foi o seu humor. Se investisse apenas no clima opressivo da violência dos morros, cairia no lugar comum. Mas o filme tem o alívio cômico de situações bizarras, como durante o desumano treinamento do Bope, e a grande cara de pau dos policiais corruptos. Um filme forte, muito bem orquestrado, que deixou sua marca na história do cinema brasileiro. Vale a pena rever! (5 estrelas em 5)