domingo, 31 de outubro de 2010

Resultado das promoções de Novembro

Promoção Tropa de Elite

O feliz ganhador da miniatura do caveirão do Bope é Lauro Matias, de Osasco (SP)

Promoção Grafias Noturnas

O vencedor foi Éverton Felipe Ferreira de Lima, de São Mateus do Sul (PR), que ganha um exemplar do livro Grafias Noturnas, de autoria de L.F. Riesemberg, também editor deste blog.

Parabéns aos felizardos! Aos que tentaram e não conseguiram, fiquem ligados porque em novembro haverá novas promoções. Abraços! E bons sonhos!

Dia do Saci

Além de Dia das Bruxas, em 31 de outubro também é comemorado o Dia do Saci. A data foi criada para que as crianças lembrem do folclore brasileiro, em vez de comemorarem apenas o norte-americano. Afinal, nossos personagens conseguem ser mais assustadores que os gringos.

O Saci, há muitos anos, vem sendo retratado com uma criança levada, que gosta de pregar peças e protege as florestas. Monteiro Lobato e Ziraldo são os maiores "culpados" por essa desconstrução do mito, que era originalmente uma figura sinistra. Ele era um verdadeiro Exu.

Há várias versões para a origem do Saci, e algumas se misturam com histórias indígenas e africanas. Mas uma que poucos comentam é a que relaciona o personagem com a aparição de espíritos de negros durante o tempo dos engenhos.

O Brasil carrega esse enorme carma coletivo da escravidão até os dias de hoje. No tempo em que os negros ainda sofriam as barbáries em solo brasileiro, o clima espiritual era terrível. Milhares morriam em condições lastimáveis, com muito sofrimento e raiva. Assim, não era raro a aparição de espíritos de escravos que não se conformavam com seu cruel destino, e queriam vingar-se daqueles que os maltrataram.

Nas matas, nas fazendas e nas plantações, surgiam relatos sobre fantasmas de negros que vinham assustar os vivos. A superstição fez com que achassem que era sempre a mesma criatura, e o tempo foi incorporando os detalhes que conhecemos hoje, como o uso da touquinha vermelha e do cachimbo.

A origem da maioria dos mitos de monstros é esta: espíritos. Muitos conseguem assumir formas assustadoras, e podem realmente desejar o mal aos vivos. Muitos viajantes que se perderam na mata, cavalos que saíram correndo assustados e donas de casa que deixaram o almoço queimar, provavelmente foram vítimas de alguma assombração. Depois que o mito já havia sido criado, as vítimas sempre bradavam "é coisa do Saci" quando algo assim acontecia.

É possível que em algumas regiões do Brasil a origem do Saci seja outra, mas o importante é que o personagem é marca registrada nacional, e enriquece significativamente nossa cultura. Assim, neste dia especial, vamos comemorar! Parabéns, Saci! (Mas não se aproxime muito de mim).

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Comemorando o Halloween

Ainda comemorando o mês das bruxas, o blog Grafias Noturnas traz mais algumas informações sobre a data, como você confere na entrevista a seguir, desta vez em parceria com o site Old Religion.

Há várias versões sobre a origem do Halloween. Qual a que mais se aproxima da realidade?

O verdadeiro festejo por de trás do Halloween se chama Samhain, que significa “Fim do Verão”, pois no hemisfério norte, onde a comemoração se originou, eles se preparam para a chegada do inverno. Nesta celebração honramos nossos mortos (Ancestrais). Com a chegada do Cristianismo, a Igreja tentou cristianizar o antigo festejo tornando o dia 1º de novembro o Dia de Todos os Santos, ou All Hallows como era o antigo termo usado. Assim a Véspera do Samhain tomou-se a Véspera do All Hallows, ou Halloween.

Quais personagens folclóricos têm maior importância no Halloween?

Um folclore muito conhecido passado através das gerações, é o ato de produzir a lanterna de abóbora, conhecida como adorno tradicional na festa de Halloween. Era produzida pelo povo e colocada na entrada das casas para afastar os “Espíritos” ruins ou não bem-vindos.

Como os bruxos e wiccanos comemoram o dia 31 de outubro?

Muitos bruxos celebram a energia ancestral do Halloween nesta data, fazendo um altar em honra aos seus ancestrais, com fotos, objetos familiares, flores e cartas de agradecimento, que posteriormente são queimadas no caldeirão. A festa dos mortos é uma celebração muito alegre, pois para nós a morte é somente uma etapa antes do Renascimento. Celebramos a eterna Espiral em Samhain.

De que forma o Dia das Bruxas é celebrado no Brasil?

Muitos fazem festas à fantasia, reuniões de amigos para comemorar, inclusive acontece uma famosa festa em São Paulo: Halloween Parade, onde pessoas fantasiadas percorrem uma das avenidas mais conhecidas da cidade . Em grupos, religiosamente falando também é um momento de festa, onde juntos agradecemos aos nossos ancestrais por toda sabedoria e auxílio.

Os nacionalistas têm razão em repudiar a comemoração do Halloween pelas crianças brasileiras?

Isso é uma questão moral e política. Existe o lado comercial da festa, sim. Se fosse ensinado o verdadeiro motivo por de trás do Halloween para as crianças não haveria nenhum mal.
Afinal honrar sua ancestralidade e história é para todos os povos.
Só se sabe para onde vai, quando se sabe de onde veio. Essa é verdadeira festa do Halloween, celebrar sua história ancestral e seus familiares que já se foram.
Num país de memória curta como o Brasil, alguns valores realmente não são compreendidos.

Sinceros agradecimentos à nossa entrevistada, Babi Guerreiro.
Família Old Religion
http://www.oldreligion.com.br/


Continue lendo sobre o assunto:

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Ritual para o Halloween

Um costume muito comum e fácil de fazer no dia de Halloween é a queima de pedidos.

Arranje dois pedaços de papel. Em um deles escreva tudo aquilo que você deseja afastar de sua vida: doenças, pessoas indesejadas, dificuldades de qualquer tipo, obstáculos etc.

No outro papel, você deve escrever tudo o que deseja realmente atrair para a sua vida. Seja bastante específico, pois as palavras têm um grande poder! Há uma história conhecida de uma bruxa que pediu simplesmente “amor em sua vida” e no dia seguinte encontrou um gatinho abandonado em seu quintal, precisando de carinho. Se não é o que você deseja, então especifique bem o que você realmente quer ter.

Também é muito recomendado que, ao final da sua lista de desejos, você coloque a seguinte frase: “Que tudo seja correto e para o bem de todos”.

Em seu caldeirão, despeje um pouco de álcool (mas tome muito cuidado), acenda-o e jogue o primeiro papel (aquele que contém as coisas que você quer afastar). Enquanto ele queima, mentalize o mal sendo afastado de você. Peça aos deuses que ajudem você nesta missão.

Aguarde o término do fogo. Quando isso acontecer, coloque um pouco mais de álcool em seu caldeirão e, tomando o devido cuidado, ateie fogo novamente. Desta vez, queime o papel com a lista de desejos.

Coloque junto das chamas algumas folhas de louro, sempre mentalizando a positividade que você deseja atrair para a sua vida.

Quando o fogo acabar, contemple a fumaça provocada pelas folhas, subindo aos céus, e peça que seus pedidos se elevem ao mundo dos deuses.

Jogue os restos (se houver) em seu jardim ou na natureza, como oferenda.

Ritual recomendado pela bruxa Luazul. Leia entrevista com ela aqui no blog.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A história do Halloween

No dia 31 de outubro comemora-se os Dia das Bruxas. Mas você já se perguntou de onde surgiu o costume, e o porquê das gostosuras e travessuras, das máscaras e tudo mais?

Uma das teorias diz que o Halloween é uma mistura de antigas práticas celtas, rituais católicos e tradições folclóricas européias. Sua origem remonta ao festival de Samhain, comemorado pelos celtas, no território onde hoje é a Irlanda, há dois mil anos.

O ano novo celta tinha início em 1 de novembro. Este dia marcava o fim do verão e das colheitas, e o início de um inverno escuro e gelado - época do ano associada com a morte.

Este povo acreditava que, na véspera do ano novo, os espíritos dos mortos transitavam livremente no nosso mundo. Se por um lado isso é assustador, havia também quem se beneficiasse do fato, pois os fantasmas ajudavam nas predições sobre o futuro.

Durante o evento, os celtas reuniam-se em volta de fogueiras sagradas e realizavam sacrifícios de animais para as divindades. Na ocasião, os participantes usavam vestimentas feitas com couro e cabeças de animais.

Quando os romanos invadiram o território celta, em 43 d.C., aquela cultura foi sendo modificada. Os romanos comemoravam o festival de Feralia, no fim de outubro, em honra aos mortos, e também o dia em honra a Pomona, a deusa romana das frutas e das árvores. Essas datas foram, com o passar dos séculos, sendo anexadas ao Samhaim.

Já na Idade Média, o Cristianismo exercia sua influência por todo o território europeu, e por volta do ano 800 d.C. o papa Bonifácio IV instituiu o Dia de Todos os Santos. Acredita-se que este feriado foi criado para substituir o festival celta por uma data católica. A celebração era chamada All Hollows, e o dia de Samhaim, na véspera, ficou conhecido como All Hallows Eve e, mais tarde, Halloween.

A tradição chega aos Estados Unidos

Os primeiros imigrantes europeus levaram aos EUA os variados costumes de celebração de Halloween, mas como havia um rígido sistema protestante nos tempos coloniais, as tradições seguiram para a América de modo extremamente limitado.


Apenas Maryland e as colônias do sul tinham um Halloween mais forte, e os costumes eram misturados aos de diferentes grupos étnicos, como dos nativos americanos. Foi assim que começou a se desenhar a festa de dia das bruxas que conhecemos hoje. As primeiras celebrações incluiam festas públicas para comemorar a colheita, onde os vizinhos contavam histórias dos seus mortos, faziam predições, dançavam e cantavam.

Na segunda metade do século 19 a América estava cheia de novos imigrantes, incluindo milhões de irlandeses, que ajudaram a popularizar o Halloween. Incorporando tradições da Irlanda e da Inglaterra, os americanos passaram a usar fantasias e a ir de casa em casa pedindo dinheiro, uma prática que eventualmente tornou-se a brincadeira de "gostosuras ou travessuras". As moças acreditavam que, na noite de Halloween, elas podiam adivinhar o nome e o rosto de seu futuro marido fazendo feitiços com lã, cascas de maçã e espelhos.

No fim dos anos 1800 houve um movimento para transformar o Halloween em uma festa mais familiar, e menos uma celebração que envolve fantasmas e bruxaria.

Na virada do século, as festas, tanto infantis como adultas, eram o jeito mais comum de festejar o dia. Festas focadas em jogos, pratos da época e vestimentas festivas. As pessoas eram encorajadas a vestirem algo assustador ou grotesco nessas comemorações, e assim o Halloween foi perdendo seu caráter supersticioso e religioso.


Nos anos 1920 e 30, o Halloween tornou-se secular, mas centrado na comunidade, com desfiles e festas públicas. Apesar dos esforços contrários, naquele tempo a festa acabou sendo atormentada por atos de vandalismo. Nos anos 50 isso havia sido contornado, mas desse modo a celebração transformou-se em algo direcionado aos mais jovens. As escolas e os lares substituiram o local da festa. A histórica prática do "gostosuras ou travessuras" foi revivida entre os anos 20 e 50, sendo uma forma para toda a comunidade participar da comemoração.

O Dia das Bruxas no Brasil

No Brasil, o Halloween é uma comemoração recente. A televisão e o cinema geraram curiosidade, e escolas de Inglês passaram a festejar a data com seus alunos. Eventualmente, escolas e creches realizam o Halloween com as crianças, inclusive incentivando a prática de pedir doces nas casas.

Os nacionalistas são absolutamente contrários a esse movimento, pois consideram a introdução de uma festa popular norte-americana em nossa cultura como uma expansão do totalitarismo ianque. Também argumentam que os brasileiros deveriam valorizar mais seu rico folclore, tanto que em 2005 foi criado o Dia do Saci, celebrado no mesmo dia 31 de outubro.

Pessoalmente, acredito que há espaço para comemoramos o Halloween sem esquecermos de nossa cultura legitimamente nacional. Porém, acho difícil o povo daqui acostumar-se com a brincadeira de gostosuras ou travessuras. Nos EUA os adultos compram doces e ficam alegremente aguardando as crianças virem pedir, e são raros os que tornam-se vítimas das travessuras. Mas no Brasil as crianças raramente voltam com suas sacolas cheias. É mais comum elas serem ameaçadas pelos moradores que ficam mal humorados quando descobrem que elas lhes fizeram alguma travessura.

Não precisa brigar! Dá para curtir o Saci e o Halloween

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Entrevista com uma bruxa

Para homenagear o mês das bruxas, o blog Grafias Noturnas foi atrás de uma bruxa de verdade para entender melhor este interessante assunto. Nossa entrevistada atende pelo nome pagão de Luazul, foi criada no paganismo e é editora do portal Bruxaria.net, que existe desde 2004.

Há uma frase que diz: “Eu não creio em bruxas, mas que elas existem, existem”. Afinal, elas existem ou não? E elas são mesmo malvadas?

Claro que existem! As bruxas (e bruxos) são tão antigos quanto a humanidade. Onde existe gente, existe magia sendo feita - desde desenhar animais nas paredes das cavernas para facilitar a caça na antiguidade até realizar rituais para a lua hoje em dia. Já pessoas “malvadas” existem em qualquer lugar, independente da religiosidade. O que é importante dizer é que todo mundo que trabalha com magia sabe que existe a lei do retorno - ou seja, tudo o que fazemos volta para a gente. Se alguém quiser prejudicar outra pessoa, certamente arcará com as consequências.

O que te atraiu a entrar na Bruxaria?

Fui criada assim, mas o que me manteve nesse caminho é a naturalidade da coisa toda. A Bruxaria lida com a magia da natureza - você observar o que está acontecendo e aprender a fluir com os ciclos naturais. Por exemplo: se hoje a lua está minguante, o que isso significa em minha vida? O que posso fazer, magicamente, para melhorá-la em algum aspecto? O que posso trabalhar? É um ofício ativo e apaixonante, porque o conhecimento é infinito.

Como foi a primeira vez que você participou oficialmente de um ritual?

Na Bruxaria, não é como assistir uma missa - um padre oficializando e os fiéis seguindo o que ele diz, ou simplesmente dormindo (sejamos sinceros!). Toda bruxa e bruxo exerce um papel ativo, especialmente porque muitos praticantes são solitários (não participam de grupos). Sendo assim, tudo o que você faz com alguma intenção acaba se tornando um ritual mágico e não sei especificar qual foi o primeiro ritual que eu fiz. No entanto, posso contar qual foi a primeira vez em que percebi que a coisa toda funcionava: certa vez, na escola (eu devia ter uns 9 ou 10 anos de idade), mentalizei durante todo o primeiro período que teríamos aula somente até o intervalo. Eu tinha uma correntinha de prata na época, e ficava girando-a e passando em cada carteira, dizendo para os meus amigos: “seremos dispensados na hora do recreio” - e todo mundo com aquela cara de “ah tá, senta lá”, haha. Mas, na última aula antes do intervalo, veio a inspetora entregar as carteirinhas, pois não teríamos mais aula depois do intervalo. Desnecessário dizer que todos olharam para a minha cara e ficaram estarrecidos, me chamando de bruxa.

Você acredita que, no dia-a-dia, as pessoas “normais” também acabam realizando certos rituais que encontram paralelos na prática de magia?

Certamente que sim! O principal componente para qualquer forma de magia dar certo é a intenção, o foco colocado naquilo. Uma senhora que reze a noite inteira pedindo que seu filho se cure de uma doença pode conseguir tal feito, pois focou sua energia naquele objetivo. Ou então quando aquela menina pensa: “ele vai me ligar, ele vai me ligar”, com certeza ela atrairá a ligação do garoto que ela está esperando. O que é estudar magia? Saber a hora e a forma certas de focar seus desejos, para que eles aconteçam de verdade, e não dependendo da sorte ou improvisação. A Bruxaria é um ofício mágico específico, que lida com a magia da natureza (fases da lua, estações, planetas, elementos etc).

Por que o Halloween faz tanto sucesso no Brasil, mesmo não fazendo parte do folclore nacional?

Será que não faz? O Halloween é praticado há tanto tempo que já faz parte da nossa cultura. Vivemos em uma época onde temos muita informação e tudo acontecendo ao mesmo tempo. Podemos separar assim? Se há tantas pessoas comemorando o Halloween, ele já faz parte.

A magia pode prejudicar alguém?

A magia não, mas a pessoa que a pratica sim. Costumo fazer a analogia com uma faca - você pode utilizá-la para cortar um alimento ou para ferir uma pessoa. A culpa é da faca? Claro que não! Mas volto a falar asobre a lei do retorno. Uma pessoa que queira prejudicar outra está procurando sarna para se coçar, pois ela receberá de volta e o processo é mais complexo do que parece. Agora, se existe a possibilidade de uma pessoa prejudicar a outra utilizando magia? Com certeza. É só um meio.

E como a bruxaria pode ajudar as pessoas?

Diz respeito principalmente ao auto-conhecimento. Quando você passa a observar a natureza, prestar atenção em seus ciclos, aprende muita coisa sobre si mesmo ao identificar repetições e padrões no dia-a-dia. Dessa forma, consegue entender como a magia funciona e como utilizá-la para atingir determinados objetivos. Você sabe em que momento é mais favorável para fazer um ritual para conseguir um emprego, por exemplo.

Qual a maior alegria de uma bruxa?

Assumir a responsabilidade pela sua própria vida.

Existem bruxos homens? Há alguma diferença entre ser homem e mulher para a prática?

Sim, existem bruxos. Criou-se um mito em torno das bruxas mulheres porque, na época das inquisições, as mulheres foram mais acusadas. O motivo é aquele que podemos deduzir: mulheres bonitas eram chamadas de bruxas para serem interrogadas e torturadas pelos inquisidores. As mulheres feias e idosas, sem família, eram acusadas a cada galinha que morresse na vila. A bíblia diz que a mulher é a origem do pecado, então as inquisições são o retrato disso. Não existem diferenças nas práticas entre homens e mulheres. Há muito o que apreder sobre os sagrados feminino e masculino nas diferentes culturas e todos esses temas são refletidos na Bruxaria.

O que os interessados pelo assunto podem fazer para saber mais a respeito?

Nosso site possui uma área inteira dedicada a iniciantes, com textos introdutórios e esclarecimento de dúvidas. Contamos com atualizações diárias, então eu recomendo o acesso constante para conferir as novidades. O link para a seção de iniciantes é o seguinte:


O prazer de contar histórias

Abaixo, um depoimento que dei sobre minha participação como voluntário do Instituto História Viva.

Meu nome é Luiz Fernando Riesemberg, sou professor, jornalista e escritor, e atuo como contador desde 2009, em São Mateus do Sul. Como recentemente me mudei para São Paulo, aproveito minhas viagens a São Mateus para contar histórias no hospital de lá.

Tenho me interessado sobre o tema qualidade de vida, principalmente devido à minha atual área de trabalho. E posso afirmar que a contação de histórias para pacientes em hospitais vai totalmente de encontro com as mais novas tendências terapêuticas.

O simples ato de um doente receber uma visita de uma pessoa animada, vestida com um jaleco colorido e que conta uma bela história, pode fazer mais do que muitos medicamentos fariam para sua recuperação.

Presenciei vários casos de internos que disseram, emocionados, que não recebiam visitas nem dos seus próprios familiares, e agradeciam imensamente aquele pequeno gesto de carinho do Instituto História Viva. Essa emoção lhes dá bom ânimo, ajuda na produção de anti-corpos e acelera o processo de cura.

Mais do que isto, o maior benefício não é para o paciente, mas sim para o próprio voluntário. A cada visita, em cada quarto, o contador enche-se de uma alegria indescritível, e fica mais forte, mais sensível e mais feliz. Creio que isto seja a mais pura expressão do amor, passando como uma corrente elétrica através do nosso corpo.

Para mim, contar histórias é isto: melhorar a qualidade de vida dos outros e, principalmente, a nossa.

Com relação a casos específicos, quero contar um do qual não fui o protagonista, mas minha prima Rosana. Depois que já tínhamos contado algumas histórias, ficamos sabendo que havia um paciente surdo em um dos quartos. E então? Como fazer para que ele também recebesse nossa mensagem?

Do grupo que estávamos, Rosana era a única que tinha algumas noções da linguagem dos sinais, mas ela estava um pouco relutante para encarar o desafio. Por fim, depois de eu lhe falar que nós acreditávamos que ela conseguiria, ela escolheu uma bela história e foi contando ao rapaz. A minha prima não lembrava como expressar todas as palavras, mas, na hora de contar, alguma inspiração divina lhe foi transmitida, e a cada gesto o surdo confirmava, entre sorrisos e expressões, que estava entendendo tudo, e continuava a sorrir.

A história contada a ele era sobre um homem que queria ver Deus, mas não O via quando Ele se apresentava na forma de uma borboleta pousando em seu ombro, ou na forma de seu filho nascendo. Pois aquele momento tão bonito, de nosso grupo de voluntários passando por cima das próprias limitações e da surdez do paciente, para levar a ele aquela mensagem, foi a própria forma de Deus mostrar-se a todos naquele quarto. E também serviu como uma verdadeira História Viva, que saltou do papel para a realidade, e da qual tive a emoção de ser um dos personagens.


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Entrevista: Felipe M. Guerra

Ele ficou famoso em todo o país ao ser tema de uma matéria no Caldeirão do Huck sobre seus filmes de terror caseiros. Ele possui uma coleção de milhares de produções de cinema bagaceiras em dvd e vhs. Ele já dirigiu um sangrento longa-metragem chamado Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-feira 13 do Verão Passado usando apenas R$ 250,00. E ele acaba de lançar seu mais novo trabalho: o curta de terror Extrema Unção, com um orçamento de R$ 40,00.

Eis uma entrevista exclusiva que o blog Grafias Noturnas fez com o cineasta gaúcho Felipe M. Guerra.

O quanto você acha que amadureceu como cineasta desde que lançou seu primeiro sucesso, "Entrei em Pânico.."?

Olha, gostaria que vocês que viram o filme me respondessem isso.
Na verdade, tenho que confessar que nos tempos de "Entrei em Pânico..." eu não tinha muita noção do que estava fazendo. Não havia direção de atores, nem planejamento de cena. Os movimentos de câmera eram feitos sem muito critério, às vezes deixava coisas importantes fora do quadro... E aliás, eu mexia MUITO a câmera! Sem contar que muitas cenas foram gravadas uma única vez, então se ficava ruim depois eu não tinha opções na hora de editar.
Acho que agora eu finalmente compreendo um pouco melhor a linguagem cinematográfica. Tenho plena consciência de que ainda há bastante para aprender, e continuo sendo teimoso de não usar iluminação profissional ou microfone, por exemplo. Mas acho que na questão da narrativa, pelo menos, eu aprendi muita coisa de 2001 para cá, e isso pode ser considerado um amadurecimento. Bem, também só faltava eu não aprender nada em 10 anos, né?

Extrema Unção é uma produção mais séria se comparada com seus filmes anteriores. Por que optou por essa linha?

Porque todo mundo vivia dizendo que eu devia tentar fazer um filme sério, ao invés de algo avacalhado/satírico como as minhas produções anteriores. Eu sempre fui muito cético em relação a fazer filme de horror sério com os poucos recursos de que disponho. Mesmo assim, como comprei uma câmera nova (migrando do VHS para a mini-DV), e queria testá-la, resolvi filmar essa historinha de fantasmas simples, sem efeitos especiais ou cenas muito complicadas, só para ver se seria possível fazer algo "sério".
No momento das filmagens, a gente ainda ria e brincava muito, e eu pensei que era uma missão fracassada. Mas no momento da edição, quando comecei a testar músicas e efeitos sonoros, percebi que aquilo realmente estava mais sério do que todos os meus outros filmes. Aí foi só tirar alguns momentos mais engraçadinhos (a cena da dentadura, por exemplo, eu quase eliminei também), e ficou o que ficou.
Me surpreendeu a reação de algumas pessoas a EXTREMA UNÇÃO. É óbvio que quem já é fanático por horror não vai achar nada além de uma historinha comum, mas muitas pessoas que viram realmente se assustaram com aquilo.
Na primeira exibição no CineFantasy, aqui em São Paulo, por exemplo, aconteceu algo que me deixou muito orgulhoso: sem dizer que eu era o diretor, pedi a uma garota o que ela tinha achado do filme, na saída da sessão. Ela respondeu: "Não sei se isso é bom, mas não consegui ver o final, fiquei com os olhos fechados o tempo inteiro, de medo!". E olha que o final é apenas a minha avó caminhando e gemendo, jamais achei que alguém ficaria com medo disso!!!

Você costuma homenagear os seus filmes e diretores favoritos em suas próprias produções. Quais cineastas e filmes serviram de influência para Extrema Unção?

A maior influência para "Extrema Unção" foi o cinema de horror oriental, que eu, pessoalmente, gosto muito. Essa coisa de o fantasma poder aparecer em qualquer lugar e a qualquer hora sem muitas explicações, e de não ter efeitos especiais nem maquiagens elaboradas, apenas um clima sinistro. Inclusive tem uma cena do curta que é uma homenagem ao filme tailandês "Shutter" (no Brasil, "Espíritos - A Morte Está ao Seu Lado"), quando a fantasma puxa o cobertor do rapaz enquanto ele está na cama.

Normalmente seus filmes são feitos com poucos recursos. Qual foi seu orçamento em Extrema Unção?

Ninguém acredita quando eu digo que o curta custou apenas 40 reais. Mas, como eu falei anteriormente, "Extrema Unção" foi concebido como um teste de câmera, então se ficasse ruim eu não queria ter a perda de muito dinheiro na consciência. Até porque sabia que com um curta-metragem você não tem nenhum retorno financeiro, não pode lançar em DVD para vender. A carreira de um curta fica restrita aos festivais, e mesmo assim somente àqueles que te selecionam, e mais cedo ou mais tarde você vai ter que jogar ele no YouTube para o pessoal ver de graça.
Esse "orçamento" de 40 reais foi gasto apenas na compra das fitas para a gravação. Todo o resto foi obtido de graça: os atores são familiares ou amigos que não pediram cachê e usam suas próprias roupas, o cenário é a casa da minha avó, e tudo que se vê nas cenas já existia por lá, e não tive nem o custo do transporte, já que o "cenário" fica bem pertinho da minha casa.
A idéia sempre foi fazer uma coisa de baixo orçamento, que sugerisse mais do que mostrasse, como os filmes de horror de antigamente. Mas é claro que se eu tivesse mais dinheiro e recursos faria algumas cenas diferentes. O final, por exemplo, (SPOILER) mostraria meu irmão deitado dentro da cova aberta e sendo abraçado pelo cadáver da velha dentro do caixão (FIM DO SPOILER). Uma amiga aqui de São Paulo, a também cineasta Fabiana Servilha, me deu uma idéia genial, de que a cada cena a fantasma aparecesse num estágio diferente de decomposição, como em "Um Lobisomem Americano em Londres". Enfim, eu sei que teria muito a melhorar, mas o objetivo inicial era filmar sem dinheiro e sem frescura. Se alguém quiser refilmar "Extrema Unção" com grana, fique à vontade!
E a minha maior satisfação foi participar do CineFantasy com esse curta de 40 reais, principalmente porque eu sei que muita gente ironizou a "indigência" da minha produção, mas no fim o público gostou mais do que de outros curtas "milionários" que participaram do festival.
Inclusive os jurados gostaram bastante, e indicaram "Extrema Unção" para uma menção honrosa especial: "Melhor Susto de Velhinha Fantasma"!

Como você convenceu o elenco a participar do curta?

Foi fácil: esse pessoal com quem eu trabalho em Carlos Barbosa adora atuar. Ninguém tem formação em artes cênicas e ninguém nunca trabalhou nessa área sem contar os meus filmes, mas todos são extremamente solícitos e ficam muito animados quando eu os convido para um novo trabalho.
Meu irmão Rodrigo, que faz o papel principal, é o meu ator preferido. Eu o coloco nos meus filmes, apronto todas com ele e o coitado nem se importa; pelo contrário, dá o melhor de si. Meu amigo Leandro Facchini, que no filme interpreta o corretor de imóveis, é outro que gosta tanto do mundo do cinema que topa qualquer parada. Inclusive ele filmou todas as suas cenas na correria, horas antes de uma viagem aérea, e nunca reclamou de nada.
Mesmo a minha avó ficou acordada até meia-noite gritando e gemendo sem nenhuma queixa, pois ela adora interpretar. Se eu fizesse um filme por semana, ela com certeza se ofereceria para participar de todos eles. Só me pediu mesmo para parar de fazer filmes de horror, porque ela não gosta. Mas topou ser fantasma numa boa!

Acima, Leandro Facchini e Rodrigo Guerra contracenando em Extrema Unção

Quanto tempo levou para ser produzido, onde foi filmado, e qual o clima geral da equipe durante a filmagem?

"Extrema Unção" foi filmado em apenas dois dias, de tarde e à noite. Num dia fizemos as cenas com Rodrigo e Leandro; no outro, todas as cenas com meu irmão e a minha avó.
O interessante é que o curta, como teste de câmera que originalmente era, não tinha roteiro. Eu apenas escrevi o argumento básico para saber o que aconteceria e onde ficavam os sustos, mas os diálogos eu inventava na hora e pedia para os atores improvisarem (só as falas da fantasma, no final, foram escritas previamente). É por isso que tem alguns casos de redundância no começo, quando o corretor de imóveis repete diversas vezes a mesma coisa (tipo "Ela morreu e não tinha parentes, então ficou tudo aqui").
As filmagens foram na casa da minha avó, que realmente é daquele jeito, cheia de coisas religiosas (então acho que ela merece também o crédito pela direção de arte, que você elogiou na resenha), e no cemitério da cidade de Carlos Barbosa. Muita gente em São Paulo perguntou como eu tinha conseguido autorização para filmar no cemitério, e não acreditam quando eu disse que simplesmente entrei e filmei!
E o clima geral da equipe era de brincadeira e gozação, como acontece em todos os meus outros filmes. Fico até surpreso com o fato de o curta ter ficado um pouquinho mais sério, pois era tanta piada e avacalhação durante as filmagens que não tinha como acabar sério.
Minha avó, por exemplo, só ficava de cara fechada quando tinha que interpretar a fantasma. Mas era desligar a câmera para ela cair na gargalhada. E meu irmão e o Leandro filmando juntos é o pesadelo de todo diretor, pois eles raramente conseguem concluir um diálogo sem cair na gargalhada.
Enfim, foi tudo muito divertido e praticamente não deu trabalho, pois não envolvia efeitos especiais, maquiagem ou um grande número de participantes e figurantes, como nos meus outros filmes. Provavelmente esta foi a filmagem mais tranquila que eu já fiz.

O que você pode adiantar sobre a continuação de Entrei em Pânico...?

Bem, este é um projeto que já roubou três anos da minha vida e, se tudo der certo, será lançado oficialmente em julho de 2011, no Fantaspoa - Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre. Acredito que está ficando bem divertido, mas claro que quem vai julgar isso é o público!
Tudo é maior no filme em relação ao original: temos mortes mais elaboradas, muito mais atores e personagens e diversas cenas complicadas. Afinal, o Rodrigo Aragão e seu excelente "Mangue Negro" elevaram o patamar das produções independentes, e agora todo mundo quer ver filmes mais caprichados e menos caseiros.
O primeiro filme se passava num único cenário (a minha casa), para economizar e não dar trabalho, mas agora tem diversas cenas externas e cenários, muito sangue e maquiagens elaboradas, tanto que foi preciso contratar um maquiador profissional, o gaúcho Ricardo Ghiorzi (que trabalhou no filme de zumbis "Porto dos Mortos"), para ajudar.
Já gastei mais de mil reais no filme. É uma mixaria perto de qualquer outra produção independente, mas é o maior orçamento que já torrei numa produção minha, ainda mais considerando que o original custou apenas 250 reais!
O roteiro traz várias citações ao original, inclusive personagens do primeiro filme estão de volta, mas não acho que seja necessário assistir a "Entrei em Pânico 1" para entender o segundo. Afinal, é uma brincadeira com os slasher movies, e funciona de qualquer jeito.
Também tentei levar a produção mais a sério do que o original de 2001. Mas é uma comédia, é para ser engraçado. E prometo que será mais curto e menos chato que o primeiro filme, do qual eu não gosto muito.

Existem outros projetos em andamento?

Mais projetos do que tempo para filmá-los, como sempre.
Estou tentando convencer o glorioso Petter Baiestorf a produzir um sexploitation que seria escrito e dirigido por mim, algo no estilo "estupro e vingança". E tenho outros projetos secretos engatilhados que poderão ter a participação de alguns diretores conhecidos da cena independente brasileira.
Aqui em São Paulo, ainda este ano, devo filmar um curta de horror em parceria com um grupo de estudantes de cinema muito animados, e tem cara de que vai ficar bem legal.
Falando dos meus próprios projetos bagaceiros, ainda espero tirar do papel algum dia a minha homenagem ao western spaghetti, "Deus os Cria, Eu os Mato", que precisa de um orçamento decente para ser feito por causa da reconstituição de época (a história se passa no início da imigração italiana no Rio Grande do Sul).
Depois de "Entrei em Pânico 2", tenho dois roteiros mais simples para filmar: uma comédia que homenageia a produção de cinema independente (e que eu queria ter filmado ANTES do "Entrei em Pânico 2", mas ficou na gaveta) e uma comédia romântica sobre um rapaz apaixonado que percorre as praias do litoral gaúcho atrás de uma menina que conheceu pela internet, algo na linha "sentimental + baboseira" do "Canibais & Solidão".
E tenho muitas outras idéias que provavelmente nunca terei tempo para filmar. Creio que podia viver só escrevendo roteiros para os outros, se isso desse dinheiro aqui no Brasil.

Neste ano você se mudou de uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul e foi para São Paulo. O que esta mudança influencia no Felipe cineasta?

Influencia bastante. Aqui se tem um contato maior com pessoas que fazem cinema "de verdade", e que contribuem com sua experiência e seus palpites. Conheci muita gente do cinema independente e também alguns que já trabalharam em projetos comerciais, todos falam com bastante entusiasmo e trocamos idéias de igual para igual, algo que acho muito legal. Ainda não me animei a fazer um filme meu aqui em São Paulo, talvez por ainda não ter muito conhecimento da cultura e da rotina da cidade, e pelos problemas todos que isso envolve - já percebi que aqui não é só chegar nos locais com uma câmera e filmar, como eu faço em Carlos Barbosa. Mas sempre me coloco à disposição para ajudar o pessoal que faz cinema aqui, inclusive fui ator (canastrão, claro) no curta trash de um colega de faculdade, que deve ser lançado ano que vem, interpretando um enfermeiro (gaúcho, é claro) que é esquartejado por um assassino serial em sua fuga do manicômio.

Felipe, o blog Grafias Noturnas agradece imensamente a entrevista e te deixa à vontade para tecer qualquer comentário ou acrescentar algo.

Agradeço a curiosidade e a valorização, sua e de muita gente, pelo meu trabalho e pelo cinema independente em geral. É ótimo saber que ainda tem muita gente que entende a proposta (filmes feitos sem dinheiro, por pura paixão pelo cinema), ao invés de ficar fazendo piadinhas e criticando só por criticar. A verdade é que a situação do cineasta independente está cada vez pior, por não conseguir retorno financeiro para continuar produzindo de forma independente, já que todo mundo quer ver os filmes de graça pela internet. Mas eu continuo um idealista, e enquanto me sobrar uma graninha todo mês, vou continuar fazendo esses filmes que tanto me divertem - e, espero, também divertem aos outros. Afinal, acho que já provei que não é preciso mais do que 40 reais para fazer um filminho razoável.

Para ler a crítica de Extrema Unção no blog Grafias Noturnas, clique aqui.

Assista Extrema Unção no Youtube:
PARTE 1
http://www.youtube.com/watch?v=2id068XFmsY
PARTE 2
http://www.youtube.com/watch?v=UGiFLt6Y2f0


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Extrema Unção (curta nacional)

Felipe M. Guerra está envelhecendo, isso é fato. Mas está sabendo envelhecer, como comprova seu novo trabalho como diretor. O curta de terror “Extrema Unção” (2010) é muito mais contido do que seus divertidos trabalhos anteriores, mostrando mais elegância que suas habituais produções trash - mas sem perder, com isso, no quesito diversão.

Se em “Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-Feira 13 do Verão Passado” e em “Canibais e Solidão” o que mais chamava atenção era o sangue espirrando e as vísceras à mostra, “Extrema Unção” não tem uma gota do líquido vermelho, preferindo focar no terror psicológico e no sobrenatural.

Mas o ator Rodrigo M. Guerra, irmão e habitual parceiro do diretor, faz um trabalho que comparo ao de Bruce Campbell na série Evil Dead: dono de um carisma e uma comicidade naturais, ele acaba expressando humor mesmo estando em uma história assustadora. E o resto do elenco, formado pela senhora Oldina Cerutti do Monte, avó do cineasta, e Leandro Facchini, parece ter sido escolhido a dedo depois de suas surpreendentes atuações em Canibais e Solidão.

Sempre aproveitando para fazer experimentações com a câmera, a trilha sonora e a montagem, Felipe M. Guerra acaba apresentando um trabalho de transição entre o que ele vinha fazendo e o que deverá vir a fazer no futuro. Mostra-se mais competente em vários aspectos, mas não perde aquela energia que fez com que suas produções, todas realizadas com pouquíssimos recursos, sempre fossem tão divertidas.

Palmas também para a direção de arte, que trouxe cuidadosamente vários detalhes da casa de uma pessoa idosa e religiosa, como os quadros de Jesus e outros artefatos religiosos – que dentro do contexto do curta ganham ares amedrontadores.

Se eu tivesse que reclamar de algo, eu o faria com relação ao roteiro. Achei a primeira parte um tanto expositiva demais, e algumas situações me lembraram dezenas de filmes que já assisti. Porém, o fato de o protagonista nunca falar enquanto está sozinho já compensa o primeiro ponto, pois deu ares mais realistas à situação. E afinal, este tipo de filme precisa ser assim mesmo, com defeitos, para tornar-se um verdadeiro representante do segmento. E, apesar de eu não ter gostado tanto da conclusão do curta, admito que ela foi inesperada.

Enfim, estou aguardando ansiosamente pelo próximo filme do Felipe. E que não demore mais anos e anos para isso acontecer!

Assista Extrema Unção no Youtube:
PARTE 1
http://www.youtube.com/watch?v=2id068XFmsY
PARTE 2
http://www.youtube.com/watch?v=UGiFLt6Y2f0



segunda-feira, 11 de outubro de 2010

domingo, 10 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2 - crítica

Tropa de Elite 2 é inegavelmente um filmão. Quem gostou do primeiro, pode assistir a este sem medo, pois é bom na mesma medida. Na verdade, a estrutura do roteiro é parecidíssima com a do filme original.

Por exemplo, no início de Tropa 1, temos logo uma cena importante do filme (o baile funk) e, em um momento crítico dela, voltamos no tempo para saber como as coisas chegaram naquele ponto. Na continuação ocorre o mesmo, e depois da cena inicial toca a canção-título sobre uma edição frenética com imagens icônicas do filme original. Um início bem empolgante.

Logo depois estamos 4 anos no passado, mas ainda assim após ao fim de Tropa 1, quando sabemos que todos aqueles esforços do Capitão Nascimento para encontrar um substituto viraram fumaça, pois depois de preparar André Matias para assumir seu posto, Nascimento volta ao comando do Bope. E já o pegamos em uma situação delicada: tentando controlar uma rebelião em um presídio. Esta cena está brilhantemente orquestrada, como ao mostrar a barbárie dos presos através das câmeras de circuito interno da prisão.

Sem querer revelar detalhes da história, posso dizer que Tropa de Elite 2 é ainda mais complexo que seu antecessor, mostrando que a guerra de interesses que existe por trás da violência envolve muito mais gente além da polícia e dos traficantes: envolve também a mídia e, principalmente, os políticos.

Depois de um fiasco em uma operação, Nascimento é exonerado do BOPE. Mas como a população literalmente aplaude sua violência contra os bandidos, ele "cai pra cima", e vira sub-secretário de segurança do Rio de Janeiro. Essa mudança de olhar é algo admirável no roteiro do filme, pois ao invés de repetir o discurso anterior (de que é a classe média que financia os traficantes), o filme aproveita para tratar de outros assuntos, jogando muito mais cocô no ventilador.

Mas se o espectador pensa que, com o Coronel Nascimento fora do Bope e atrás de uma mesa de escritório, o filme não teria ação, ele engana-se. Na verdade, realmente vemos pouco daquele Nascimento sarcástico e ameaçador do primeiro filme, já que ele troca a farda preta por um terno e uma gravata. Mas outros personagens fazem esse diabólico papel muito bem.

Como eu escrevi lá em cima, o espectador que gostou do original não tem do que reclamar de Tropa 2, pois há muitas cenas equivalentes daquele filme neste. Por exemplo, até aquela aula na faculdade em que Ramiro estuda, encontra aqui um paralelo, quando um ativista dos direitos humanos fala a uma plateia.

As cenas da execução sumária do casal nos pneus, a conversa no cemitério após a morte de um membro do BOPE, a opressão do pequeno apartamento onde o protagonista mora, a tortura com tapas na cara e saco na cabeça, e até falas como "quem quer rir tem que fazer rir", todas do primeiro filme, encontram paralelos aqui. Porém, o roteiro não abusa das repetições do que fez sucesso no original, e não temos aqui tantas frases de efeito para ficarem na moda. É claro que há diálogos e falas memoráveis, mas creio que, assim como os roteiristas não esperavam que Tropa 1 desse origem a todos aqueles bordões, aqui também não foi escrito nenhum com o propósito de virar modinha. Mas reconheço que virei fã da nova definição de CPMF (Comissão dos Policiais Militares Filhos-da-Puta).

Outro resgate do filme original são muitos personagens, mas eles não caem de paraquedas na história. Note, por exemplo, a rápida aparição daqueles dois policiais que trabalhavam no conserto das viaturas de Tropa de Elite 1: desta vez eles não têm nenhum diálogo, mas sua aparição é um detalhe muito importante naquela determinada cena.

Aliás, a produção caprichou nos detalhes. Isso é perceptível, também, por exemplo, em certo momento quando Nascimento está visitando um paciente de uma UTI, e podemos ver colado em sua camisa um adesivo usado pelos visitantes, com a identificação do número do quarto e do andar do hospital. Em outro momento notável, enquanto o herói conversa com uma personagem em um restaurante, ele faz uma pequena pausa na fala para pedir um café a um garçom que nem aparece na tela.

Dos novos personagens, um que chama atenção é o apresentador de um programa sensacionalista da TV, obviamente inspirado no Datena. Porém, devo confessar que sua cara cômica destoa um pouco do realismo do filme, fazendo com que eu desejasse ver menos cenas com ele.

Mas o resto está todo lá para empolgar: os palavrões, a presença marcante e engraçada de Milhem Cortaz, a violência, e uma espetacular cena de tiroteio na favela, surpreendentemente bem filmada.

Como eu disse no início: é um filmão, e que agrada a todos os fãs do original. E o melhor: que desagradará totalmente a maioria daquela corja de políticos safados de Brasília, que estão envolvidos até o pescoço com o tráfico de drogas, assassinatos e toda sorte de crimes hediondos.

Um filme extremamente corajoso, muito real (no início há um letreiro explicando que os fatos são fictícios, apesar da semelhança com a realidade, provavelmente para se evitar processos), e que além de entreter a plateia, surge como um documentário que escancara aos brasileiros uma série de problemas do país aos quais a velha mídia parece desviar seus olhos. E além disso, o diretor José Padilha, através de sua obra, exorciza abertamente aquela acusação que sofreu de alguns intelectuais após a estreia de Tropa de Elite, sobre o filme ser fascista.

Resumindo tudo em uma palvra: obrigatório. (5 estrelas em 5)



Cel. Nascimento vs Espíritos: quem ganha?

Já é possível prever que os dois maiores sucessos do cinema nacional de 2010 serão Nosso Lar e Tropa de Elite 2. Ou seja: O mundo espiritual x O mundo do crime (ambos cariocas). André Luiz x Coronel Nascimento. O BOPE x os espíritos. E quem ganha nesta disputa? O público, e o cinema brasileiro. Mas o melhor de tudo é que ambos os filmes são extremamente relevantes. Não são mero entretenimento: fazem pensar! E acabam propondo melhoras para todos nós.

Parabéns, a todos os envolvidos em ambas as produções. O lançamento desses dois filmes somados ao de Chico Xavier coloca 2010 como o verdadeiro ano em que o público brasileiro fez as pazes com o cinema nacional - e é cinema de qualidade!

sábado, 9 de outubro de 2010

A Roda da Vida


A médica Elizabeth Kubler-Ross, autora de "Sobre a Morte e o Morrer", desenvolveu um trabalho pioneiro. Seus estudos sobre a morte e as fases do luto tiraram aquele escuro véu sobre o assunto e, como resultado, muitos temas da área médica deixaram de ser considerados tabus, melhorando a qualidade de vida de milhares de pacientes terminais desde então.

A Roda da Vida é a sensacional autobiografia da autora, que pode também ser considerada como um livro de desenvolvimento humano, místico e que ajuda a compreender todo o trabalho de sua vida.

Vivendo uma vida cinematográfica por excelência, Elizabeth escreveu cada capítulo de forma muito tocante, como se fossem contos. Sua infância, sua passagem pela II Guerra e muitas de suas aventuras são relatadas de forma clara e doce, que me fez devorar rapidamente as páginas.

E, quando menos se espera, a história de Elizabeth Kubler-Ross dá algumas guinadas sensacionais. Uma, em particular, me deixou de queixo caído. Posso dizer que o livro adquire tons fantásticos mais para o final, o que para mim foi uma grande surpresa.

Em certo momento, a cientista cética começa a ter experiências que a fazem perceber que há algo além do que nossos olhos podem enxergar. Algumas pessoas poderiam antecipar este momento do livro, já que desde as primeiras páginas ela procura deixar claro que, em nossa vida, não existem coincidências nem acaso: tudo faz parte de um plano maior.

Definitivamente, um dos melhores livros que já li na vida, cheio de lições importantes vindas de uma pessoa que cumpriu, muito bem, sua missão na Terra.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Minhas 10 melhores experiências na sala do cinema

Desde que a TV surgiu, há quem diga que o cinema estava com os dias contados. Por outro lado, os fãs da sétima arte defendem que não há nada como conferir um filme na tela grande.

Na verdade não existem filmes que são próprios para se ver em uma sala de cinema e outros para se ver na TV. O que há são condições especiais que tornam melhor ou pior a experiência. Às vezes pode ser inesquecível ver uma velha produção em um videocassete dos modelos mais antigos, em uma fita mofada, acompanhado pelos amigos certos. Em outras situações, ver o filme em uma sala lotada pode causar a melhor sensação do mundo (ou então isso pode causar muita raiva, como muitas vezes já aconteceu comigo – malditos adolescentes!).

Mas hoje eu gostaria de apresentar uma lista das melhores experiências que EU tive em salas de cinema. Note que estou falando da experiência, e não da qualidade do filme, que pode nem ser tão bom assim.

1- Greystoke - A Lenda do Tarzan
Na verdade, não foi nem o filme, mas o trailer dele. Isso mesmo: minha primeira experiência dentro de um cinema foi assistindo ao trailer desta inesquecível adaptação da história de Tarzan. O pequeno cinema da minha cidade estava sendo reformado, depois de anos fechado, e o dono convidou meu vô, meu pai e eu (então com 6 anos de idade) para conferir uma prévia. Aqueles cinco minutos foram decisivos para que eu passasse a amar a sétima arte: me deu o maior medo quando as luzes apagaram, e eu nunca havia visto uma tela tão grande na vida, nem ouvido sons tão altos! Eu me senti dentro da selva, cercado por animais selvagens. Foi assustador!

2- Comando para Matar
Filme que me apresentou ao Schwarzenegger, que até então era um um nome impronunciável. Achei incrível aquele cara ter um super-força, capaz de carregar um pinheiro no ombro e desvirar um carro tombado apenas o empurrando. Nunca nenhum outro filme me causou a mesma sensação, como se fosse uma revista em quadrinhos com pessoas de carne e osso. E foi também minha primeira experiência em uma sala lotada, em que a plateia ria alto com as frases de efeito ditas na tela, como aquela da filha do herói ao vilão da história: "Meu pai vai quebrar a sua cara!". Eu nem me incomodei com a extrema violência do filme, mesmo sendo criança. Nem com as comuns interrupções do filme, porque o rolo enguiçava, ou com os insistentes riscos na película.


3- Os Caça-Fantasmas
Vi ainda do meu tempo de criança, no velho Cine Guayra. Eram exibidos por lá filmes não tão novos, e por isso tive a chance de conferir tantos clássicos dos anos 80, mesmo anos depois de serem lançados. Este foi especial porque eu simplesmente adorava o desenho animado dos Caça-Fantasmas que passava na Xuxa, e eu sonhava com a possibilidade de assistir a um filme com atores de verdade (eu nem sonhava que o desenho é que havia sido criado depois do filme). Quando vi o cartaz anunciando o filme, fiquei louco! E a exibição, com sala cheia, foi demais. Lembro de ter levado muitos sustos (como na famosa cena da biblioteca, logo no início) e de ter passado muito medo com os cães do inferno - tive que me esconder atrás do assento da frente naquela hora.

4- De Volta para o Futuro 2
Um dos primeiros que assisti em um cinema de Curitiba, depois do lamentável fechamento do Cine Guayra. Todos os fãs aguardavam a continuação de De Volta Para o Futuro há 5 anos, e Robert Zemeckis entregou um filme ainda melhor que o primeiro (ao menos foi o que achei naquele tempo). Some-se a toda esta experiência o fato de eu estar conhecendo um cinema muito mais luxuoso e menos parecido com um Grindhouse, como era o Guayra. Foi uma redescoberta de o que é divertir-se de verdade em um cinema (Por falar em Grinhouse, vou fazer aqui uma sessão tripla e dividir esta posição da lista com Gremlins 2 e O Exterminador do Futuro 2, pois os comentários seriam muito parecidos).

5- Ghost - Do Outro Lado da Vida
Creio que foi a primeira vez que chorei em um filme. Mas também ri muito, é claro. Um filme inesquecível, muito emocionante, com uma trilha sonora que não sai da cabeça. E diferente de tudo o que eu já havia visto, até então.

6- O Exorcista
Assisti à versão mais recente, aquela com 11 minutos a mais. Eu já havia assistido em vídeo ao antigo e já era fã, mas foi só desta vez, na sala do cinema, que tive aquela pesada sensação de estar fechado dentro do quarto com o diabo, por um bom tempo. Fiquei extremamente exausto emocionalmente durante e após a sessão.

7- A Bruxa de Blair
Estavam comentando demais sobre esse filme diferente, que muitos ainda acreditavam ser um documentário real. Posso dizer que foi uma das experiências mais assustadoras que já tive na vida. Desde os letreiros iniciais, meu medo era crescente, e no final achei que meu coração ia sair pela boca. Depois disso fiquei muitas noites sem sono e levei anos para ter coragem de acampar novamente.

8- O Grito
Peraí, O Grito? Aquela refilmagem americana do terror japonês? Sim! Como eu disse, não é a qualidade do filme que importa, mas a qualidade da experiência. Eu fui sozinho, à noite, em uma sala lotada. Levei vários sustos e vi muita gente pulando na cadeira. Quando fui embora, fiquei com medo no caminho de volta para casa.

9- Tropa de Elite
Eu já havia assistido a versão pirata, como quase todo mundo, mas não pude deixar de conferir o filme no cinema, em uma das últimas sessões do cinema de Bragança Paulista, antes de também ser fechado. Já habituado com a mania de “Pede pra sair” que havia tomado conta do Brasil, junto com aquele Rap das Armas e a canção-título, o público foi extremamente interativo e riu bastante, fazendo com que eu gostasse ainda mais desta produção.

10- 21 Gramas
Quando assisti, a plateia estava formada por pessoas mais idosas e cultas, não sei bem por que. Não esqueço dos sons de dó do público pela dor dos personagens em alguns momentos marcantes do filme. Teve uma senhora que soltou um doloroso “aahhhh...” quando Benicio Del Toro revela que cometeu um atropelamento, e nós sabemos bem quem são as vítimas.

Menção honrosa: Nosso Lar
Uma plateia de espíritas assistindo ao filme antes que ele se consagrasse um sucesso, e antes de surgirem os primeiros comentários na mídia. No início da sessão, ainda havia aquela desconfiança no ar (será que o filme faz justiça ao livro?) Mas foi uma grande emoção e uma profunda paz que se estendeu sobre todo o público durante a hora e meia seguinte. É até difícil colocar em palavras o que senti naquele dia.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Novidades em breve

Teremos uma nova promoção no site, em breve. Posso afirmar que será muito legal!
Aguarde!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Trinta anos esta noite


Em 1963, o cineasta francês Louis Malle lançava o filme Trinta Anos Esta Noite, no qual o personagem Alain Leroy encara sua incerteza com o fim da juventude, encontrando questões pertinentes a todo ser humano, como o envelhecimento e a morte.

Pois este título vem bem a calhar com o que vivo hoje. Pois estou completando 30 anos a partir da meia-noite, e ainda é um pouco assustador pensar que já não tenho mais "vinte e poucos anos". Que a partir de agora não há mais tantas concessões pelo fato de eu ser jovem. E que as responsabilidades da vida só se fazem aumentar.


Por um lado é ótimo estar entrando nesta fase da vida com um espírito corajoso e ávido por novos desafios. Afinal, foi neste ano que deixei minha pequena cidade natal e me mudei para o Estado de São Paulo e ingressei em uma nova carreira. Porém, a ainda grande ausência de conquistas me faz pensar no imenso e desconhecido caminho que preciso percorrer.

Em trinta invernos de vida, já vivi muitas transformações. Vi sonhos brotarem e sumirem. Amizades que nasceram e se perderam. Colegas indo e partindo. E enquanto isso, muito aprendizado foi se formando.

Às vezes lembro da criança que fui, ou do adolescente, e pouco me reconheço neles. A mentalidade vai mudando demais e, graças a isso, muita coisa já deixou de ser importante para mim. E outros assuntos, que eram tão tolos, passaram a receber minha extrema atenção.

Apesar de eu estar feliz, principalmente devido à sabedoria que reconheço ter adquirido com minhas experiências, é impossível não sentir uma pequena dose de melancolia esta noite. Isso é pelo fato de eu já ter vivido uma fase assim, no final da infância, e outra no fim da adolescência: por mais que estejamos melhores a cada dia, fica um vazio a cada alegria perdida, a cada sonho guardado, e a cada amizade esquecida.

Assim, entro com meus dois pés neste novo caminho que a vida me proporciona, mas não deixo meu coração apagar aquela inocência viva que correu com tanta intensidade em minhas veias, por longos anos.

Obrigado a tudo o que fez parte de minha vida, e que continua fazendo, nessas três décadas. As alegrias, as tristezas, os sucessos, as derrotas: foi tudo isso que me tornou quem eu sou e - mais do que isso - que me tornará quem eu serei!

Nosso Lar

Para atravessarmos este muro, depende de nós.


"(...) Os preconceitos de raça se enfraquecem, os povos começam a se encarar como membros de uma grande família; pela uniformidade e facilidade dos meios de transação, suprimem-se as barreiras que os dividiam; de todas as partes do mundo, reúnem-se conclaves universais para os torneios pacíficos da inteligência".

A Gênese, cap. XVIII - Sinais dos tempos e a geração nova, item 21 (publicado em janeiro de 1868)

A realização e o sucesso de Nosso Lar, o filme, é um dos sinais dos tempos apontados em A Gênese, há mais de 140 anos. Se o livro de André Luiz levou 65 anos para atingir cerca de 6 milhões de leitores, o filme levou apenas um mês para levar a mensagem a mais de 3 milhões.

O cinema e todos os meios de divulgação são algumas das ferramentas, já apontadas por Kardec, de que o planeta Terra se utilizaria para propagar, cada vez mais rápida e eficientemente, a verdade sobre a vida e a morte.

As correntes de amor, as causas nobres e todas as obras do Bem sendo divulgadas em tempo recorde são mostras de que a humanidade está reformando sua morada. Em breve estaremos deixando de viver em um mundo de provas e expiações para habitarmos um lugar melhor, onde o Bem impera sobre o Mal.

Toda a divulgação da bela cidade espiritual em nosso mundo não é por acaso: e através dos exemplos dos moradores e dirigentes de Nosso Lar que, em breve, passaremos a viver como eles. O que o livro e o filme estão fazendo é preparar o terreno, na mente de cada pessoa, para que se melhore cada vez mais as condições do nosso planeta para transformar-se em um local de regeneração de espíritos.

A Terra, em pouco tempo, deixará de ser um reformatório de espíritos rebeldes e passará a ser uma escola das mais humanas, onde cada ser vivo será respeitado e terá muitas oportunidades de se desenvolver - moralmente, culturalmente e intelectualmente.

Mas para que isto ocorra, trabalhe pelos outros e passe adiante todo o Bem que Deus te conceder.