terça-feira, 5 de outubro de 2010

Trinta anos esta noite


Em 1963, o cineasta francês Louis Malle lançava o filme Trinta Anos Esta Noite, no qual o personagem Alain Leroy encara sua incerteza com o fim da juventude, encontrando questões pertinentes a todo ser humano, como o envelhecimento e a morte.

Pois este título vem bem a calhar com o que vivo hoje. Pois estou completando 30 anos a partir da meia-noite, e ainda é um pouco assustador pensar que já não tenho mais "vinte e poucos anos". Que a partir de agora não há mais tantas concessões pelo fato de eu ser jovem. E que as responsabilidades da vida só se fazem aumentar.


Por um lado é ótimo estar entrando nesta fase da vida com um espírito corajoso e ávido por novos desafios. Afinal, foi neste ano que deixei minha pequena cidade natal e me mudei para o Estado de São Paulo e ingressei em uma nova carreira. Porém, a ainda grande ausência de conquistas me faz pensar no imenso e desconhecido caminho que preciso percorrer.

Em trinta invernos de vida, já vivi muitas transformações. Vi sonhos brotarem e sumirem. Amizades que nasceram e se perderam. Colegas indo e partindo. E enquanto isso, muito aprendizado foi se formando.

Às vezes lembro da criança que fui, ou do adolescente, e pouco me reconheço neles. A mentalidade vai mudando demais e, graças a isso, muita coisa já deixou de ser importante para mim. E outros assuntos, que eram tão tolos, passaram a receber minha extrema atenção.

Apesar de eu estar feliz, principalmente devido à sabedoria que reconheço ter adquirido com minhas experiências, é impossível não sentir uma pequena dose de melancolia esta noite. Isso é pelo fato de eu já ter vivido uma fase assim, no final da infância, e outra no fim da adolescência: por mais que estejamos melhores a cada dia, fica um vazio a cada alegria perdida, a cada sonho guardado, e a cada amizade esquecida.

Assim, entro com meus dois pés neste novo caminho que a vida me proporciona, mas não deixo meu coração apagar aquela inocência viva que correu com tanta intensidade em minhas veias, por longos anos.

Obrigado a tudo o que fez parte de minha vida, e que continua fazendo, nessas três décadas. As alegrias, as tristezas, os sucessos, as derrotas: foi tudo isso que me tornou quem eu sou e - mais do que isso - que me tornará quem eu serei!

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