sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O trabalho de Wagner de Assis em Nosso Lar


Wagner de Assis, o homem por trás do filme Nosso Lar, tem sido duramente criticado desde que iniciou sua carreira como cineasta. Antes da sua apedrejada estreia na função de diretor com a adaptação do conto A Cartomante, de Machado de Assis (seria Wagner um parente do autor?), ele escreveu os roteiros de alguns filmes da Xuxa e de Um Show de Verão (aquele com a Angélica e Luciano Huck).

Creio que, por conta de seus trabalhos, ele foi olhado com desdém pela elite brasileira. Afinal, alguém que escreve tramas para crianças e jovens, em filmes estrelados por ídolos adolescentes, não merece a menor atenção, não é? Apesar disso, algumas dessas produções tiveram algumas das maiores bilheterias do cinema nacional desde a Retomada, como Xuxa e os Duendes e sua continuação, Xuxa e os Duendes 2 - No Caminho das Fadas.

Confesso que eu mesmo não havia aprovado o nome de Wagner para a cadeira de diretor de Nosso Lar, devido à sua trajetória artística. Porém, também confesso que nunca assisti a nenhum desses filmes em que ele esteve envolvido, baseando minha opinião sobre eles apenas no meu preconceito.

Pois com Nosso Lar, Wagner pôde provar que consegue ser um cineasta eclético, ao afastar-se dos ídolos adolescentes, e ainda confirmou que tem talento para desenvolver produções de grande apelo junto ao público. Talvez ainda lhe falte experiência para atingir a maturidade como diretor - o que não é nada estranho para alguém que só comandou dois filmes - mas acredito que ele ainda surpreenderá todos esses críticos que não o perdoam por ter se envolvido com os filmes da Xuxa.

O sucesso de Nosso Lar não se deu apenas pelo tema, ou pelo trabalho dos profissionais estrangeiros. Há muitas ideias interessantíssimas e inspiradas no filme. Quem leu o livro sabe que foi realizado um trabalho complexo de adaptação, pois muitas passagens foram modificadas, cenas foram criadas e personagens novos e outros diálogos foram desenvolvidos. Não tenho esse dado, mas creio que só uns 5% do livro foram levados ao filme. Todo o resto é uma recriação da história.

E o que falar do visual da produção? As descrições do livro exigiam muita imaginação do leitor. Não há nada lá que dite detalhadamente como são as roupas usadas pelos personagens, suas casas, os prédios, e a cidade em geral. Resumindo: há muito trabalho de criação no roteiro e na direção de Nosso Lar, o filme. O que me leva a crer que, muitos dos que o criticaram ferozmente, agiram de má vontade. Criticam o filme para criticar o passado de Wagner, ou para criticar a doutrina espírita.

Nosso Lar tem um alto poder de emocionar e de entreter. O que mais se espera de um filme para o grande público? Pois Nosso Lar ainda tem o poder de informar e de conscientizar. A produção pode apresentar pequenos defeitos, oriundos da ainda pouca experiência do cineasta, mas nada é tão sério a ponto de receber críticas muito duras.

De qualquer forma, o absoluto sucesso comercial do filme já garantiu uma continuação, a qual espero que comece a ser desenvolvida em breve, onde Wagner mostrará sua evolução. Nosso Lar 2 será baseado no livro Os Mensageiros, e estou muito curioso a respeito da adaptação, pois é um livro mais difícil de ser levado às telas.

Mas eu confio nesse cara, e sei que ele entregará algo muito bom e surpreendente. Provavelmente terá que ser bem lírico e simplificar o material, usando aí as características de outro membro da família Assis: São Francisco.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sábia Natureza

Recentemente, uma pesquisa demonstrou que as pessoas mais desconfiadas são aquelas que são mais facilmente enganadas. Por outro lado, aquelas mais acolhedoras, que colocam muita confiança nas outras, conseguem perceber com muito mais facilidade quando alguém as quer fazer de bobas.

Outra informação importante: Nós aumentamos de peso quando retemos muito líquido no corpo, e por isso é necessário expelí-lo. Assim, algumas pessoas acreditam que, portanto, se beberem pouca água, terão menos chance de acumular líquidos e, consequentemente, emagrecerão. Mas ocorre justamente o contrário: se você beber pouca água, seu corpo inteligentemente a acumulará por mais tempo, para sua própria segurança. Ou seja, se você não ingere líquidos o suficiente, engorda ainda mais.

A conclusão que podemos tirar disso: não tente enganar a natureza. Tentar isso é o mesmo que tentar enganar a si próprio. Há um velho ditado que diz "não apresse o rio, ele corre sozinho". Pois sejamos humildes, entendendo que, se fazemos parte de um grande sistema, devemos respeitá-lo.
As árvores são nossas irmãs, e muitas delas são bem mais velhas do que nós. Respeite-as, como se deve respeitar os idosos! Os animais são nossos irmãos: somos todos terráqueos! Proteja-os, como protegemos as nossas crianças.

Não existe uma hierarquia entre as criaturas. Um humano não é mais importante que uma planta, ou que um bicho. Nós apenas possuimos mais inteligência, e isso nos dá também mais RESPONSABILIDADE.

SEJA RESPONSÁVEL! Proteja o meio-ambiente, cuide do seu corpo, estude, desenvolva a maravilhosa mente que Deus te deu, faça mais amigos, cultive o otimismo, pratique atividades físicas, elogie mais, cumprimente desconhecidos na rua, ofereça-se para ajudar descompromissadamente e, tudo o que fizer, faça com muito amor!
A Natureza é sábia. Seja como ela!

domingo, 5 de setembro de 2010

Crítica: Nosso Lar - O Filme

Quando eu li o livro Nosso Lar, há muitos anos, meu lado cinéfilo ficou bastante empolgado com a ideia de ver aquela história no cinema. Pois foi com muita emoção e curiosidade que recebi a notícia, algum tempo atrás, de que o longa seria realmente produzido. Porém, devo confessar que o nome de Wagner de Assis (autor dos "roteiros" de Xuxa Popstar, Xuxa Requebra e Xuxa e os Duendes) como diretor e roteirista sempre pairou como uma grande sombra na minha esperança de sair daí um grande filme. E as primeiras críticas pós-lançamento pareciam confirmar meus medos.

Mas acabo de sair da sessão de Nosso Lar (lotada, por sinal) e me sinto muito tranquilo e feliz com o resultado. Reconheço que o filme apresenta defeitos, sobre os quais vou comentar abaixo, mas, no geral, seu saldo é extremamente positivo.

Antes de tudo, quero deixar claro que, desde o início da projeção, o espírita que existe dentro de mim entrou em "modo econômico". Ou seja, eu realmente procurei analisar a obra como cinema, sem negar os aspectos que o meu lado emocional poderia pensar em deixar passar.

Logo nos segundos iniciais, os acordes de Philip Glass já me levaram a outra sintonia. Adorei o tema que ele compôs para a trilha. Ela tem grande responsabilidade pelo sucesso do filme, e é muito marcante. Dificilmente alguém sai do cinema sem a música ainda ecoando nos ouvidos.

O roteiro mostra a transformação de um famoso e duro médico, André Luiz, em uma pessoa humilde e perseverante — só que esta vem depois da morte dele. De início, o protagonista passa alguns anos no Umbral — uma assustadora região purgatorial, que foi muito bem apresentada no filme.

Se há algo para reclamar destas cenas iniciais, é do trabalho de certa atriz (uma quase figurante, na verdade) que atua exageradamente, zombando de André. Mas vá lá, isso não tem grande importância.

Intercaladas com as cenas no Umbral, há outras que mostram flashbacks da vida do protagonista, onde ficamos sabendo que, apesar de médico dedicado e pai de família, ele tinha seus esqueletos no armário. Nada tão grave para a época: vida boêmia, bebida, fumo, má vontade para atender pacientes fora de hora, alguma dureza no tratamento à esposa e filhos...

No Umbral, André passa por um processo de degeneração que merece aplausos. Logo ele está extremamente magro, com longas barbas e exausto, e é quando ele finalmente pede ajuda a Deus e é resgatado por uma equipe de espíritos de luz. O fim dessa sequência me incomodou novamente um pouco e, pasmem, a culpa é de alguns maus figurantes. E esse defeito será recorrente.

Tal início é uma boa amostra de como será o resto do filme, apesar de aí os cenários mudarem completamente: daquela tenebrosa região, o protagonista é levado até a magnífica cidade espiritual do título. É quando os efeitos especiais se fazem mais visíveis, e não posso dizer que os achei fracos. Talvez eles não sejam tão inovadores e surpreendentes para os padrões de Hollywood, mas em nenhum momento me decepcionaram.

A mistura de trilha sonora grandiosa e bons efeitos não é novidade alguma, mesmo para quem ainda não assistiu ao filme, pois foram muito noticiados. Eu só quero reforçar que eu REALMENTE gostei de ambos. Alguns críticos disseram que os efeitos eram fracos e a trilha era piegas — mas de fato, eu os apreciei!

Outra crítica que ouvi muito por aí foi com relação ao elenco. Mas sinceramente, neste aspecto só vi problemas com aqueles papéis menores, como já mencionei. Renato Pietro faz um bom trabalho no papel de André Luiz, assim como Fernando Alves Pinto (Lísias), Rosane Mulholland (Eloísa) e todos os globais (Werner Schünemann, Othon Bastos, Ana Rosa, Paulo Goulart, Chica Xavier). O negócio é que nenhum deles se arrisca a uma interpretação mais corajosa ou sutil, o que não é um grande problema, em minha opinião.

Na verdade, uma característica da produção parece ser a falta de sutileza de Wagner de Assis, que como diretor e roteirista, prefere não arriscar a entregar algo incompreensível para o espectador. Tudo é devidamente explicado, e creio que foi aí que pegou mal na opinião dos críticos. Ultimamente o cinema tem proporcionado belos trabalhos de atuação, em que um simples piscar de olhos pode indicar algo ao público — mas não vemos este estilo de trabalho em Nosso Lar. Também pudera: Renato Pietro nunca teve experiência no cinema — apenas no teatro, onde cada sussurro deve ser gritado, e cada expressão facial deve ser exagerada, a fim de que os espectadores da última fila possam compreender a peça. E se o protagonista segue por esse rumo, os outros atores devem fazer o mesmo processo, para não haver um contraste negativo, certo?

E por falar em contraste negativo, outra coisa que notei foi a relativa pobreza dos cenários interiores, em oposição à beleza plástica dos maravilhosos exteriores. Mas como eu disse, essa fraqueza é "relativa", já que eles só ficam feios quando comparados com o lado de fora das edificações. E a observação só vale para as casas da cidade espiritual, já que na Terra, a casa de André Luiz é muito convincente como um lar dos anos 30.

Mas voltando ao didatismo de Wagner de Assis: creio que, apesar de tudo, a maioria das suas explicações não é descartável. Ao menos no caso daquelas que envolvem ensinamentos sobre a doutrina espírita. Há poucas cenas e diálogos realmente desnecessários, como aquela do companheiro de quarto a quem André dá um copo d'água. Para começar, aquele ator faz um trabalho fraco. Mas o maior problema é que não era necessário explicar qual a verdadeira função de não se engolir a água, pois isso já havia ficado entendido antes. Talvez o diretor tenha preferido pecar pelo excesso do que pela falta, mas graças a Deus isso não ocorre tantas vezes.

Um ponto que devo elogiar é a movimentação de câmeras. Eu esperava um filme muito mais tradicional neste quesito, e fiquei feliz com o resultado. Dos exemplos que lembro, o melhor é o que mostra uma descida de Nosso Lar até o Umbral, logo no início do filme, estabelecendo uma alusão à posição do céu e do inferno.

Reparei também nas diversas liberdades criativas que foram tomadas em relação ao livro. O personagem Emmanuel, por exemplo, que não faz parte do romance, é bem aproveitado pelo roteiro, e é responsável por estabelecer uma ligação do público com outras obras de Chico Xavier. Para deleite de todos os espíritas, ele até comenta sobre Há 2000 Anos e sobre o "irmão que está na Terra preparado para receber mensagens dos espíritos" (o próprio Chico, é claro).

E se devo falar de mais uma coisa que me incomodou, talvez seja a rapidez com que André se transforma. Estou acostumado com filmes mais longos, em que a mudança ocorre muito sutilmente, e creio que Nosso Lar, para esse efeito, tivesse que ter mais cenas (apesar disso, a duração de cerca de 105 minutos é correta - Nosso Lar não é nem muito curto, nem logo demais).

Também não posso deixar de comentar o ato final, quando André recebe permissão para visitar a Terra. Esta cena foi aumentada em relação à do livro, e isso foi uma decisão que me agradou. Palmas para o estabelecimento do protagonista como uma luminosidade especial em torno de si, que não se confunde com a dos vivos. E muitas palmas para Chica Xavier, que mesmo com uma minúscula aparição, conseguiu me arrancar mais algumas lágrimas dos meus olhos (sim, me emocionei várias vezes durante a projeção, e isso sempre significa que o filme é muito bom).

Como podem reparar, eu prestei muita atenção aos detalhes técnicos do filme, e reconheço vários problemas. Ainda assim, chorei em vários momentos! E eu SINCERAMENTE me senti muito bem após os créditos finais e estou até agora, como se eu tivesse recebido um abençoado sopro reparador de minhas energias. Mas se isso foi mérito do filme ou de espíritos que estavam na sala do cinema amparando o público com suas boas vibrações, isso eu não sei (4 estrelas em 5).