segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Patrícia Gennice

Dos longas de Felipe M. Guerra, "Patrícia Gennice" é o mais antigo, gravado em 1998. Pois agora a primeira grande produção amadora do cineasta gaúcho foi relançada com uma nova edição, o que representa um grande presente para os fãs.

O filme apresenta-se como uma versão juvenil do clássico Depois de Horas, de Martin Scorsese, e com orçamento de R$ 150,00. Aqui o infeliz Lucas (interpretado por Fabiano Taufer) consegue marcar um encontro com a guria do título, que é tida como a mais gostosa de Carlos Barbosa, e que nunca nenhum cara conseguiu pegar. Ela é uma verdadeira lenda, portanto, e o protagonista não medirá esforços para aproveitar sua grande chance.

Mas é claro que as coisas não saem como o planejado.

"Patrícia Gennice" se passa durante uma noite de aventura e terror, quando o personagem enfrenta todo o tipo de situações bizarras para chegar ao seu destino, que é a casa da moça. Alguns episódios que Lucas protagoniza são bem humorados, e outros bem violentos, incluindo um ataque gay no banheiro, assaltos, tiroteios, tortura, encontros com traficantes, capangas, um assassino de aluguel e até com o diabo (no caso, uma diaba).

Nem precisa dizer que o resultado é incrivelmente divertido, sendo que os defeitos técnicos apenas reforçam a diversão do público. Alguns dos momentos mais engraçados são os diálogos que tiveram que ser legendados, já que é impossível entender o que os atores falaram. E é ótimo que a obra nunca se leve a sério, como nos momentos em que o rapaz toma atitudes bestas como interromper sua jornada pela noite para entrar em um suposto clube de strip-tease, ou para contar sua história para estranhos que encontra na rua.

Com ritmo frenético, o filme tem todas aquelas características que vemos nas outras produções de Felipe M. Guerra, como a metalinguagem (o protagonista constantemente fala com o espectador), as referências ao mundo do cinema, os litros de sangue falso e a trilha sonora cool. Aliás, o tema macabro no piano, usado em De Olhos Bem Fechados, de Kubrick, caiu muito bem aqui.

Tenho que aplaudir a grande produção, e neste caso a palavra "grande" se refere à grande quantidade de atores, e à disposição dos envolvidos, que devem ter virado noites e noites (frias) para concluir as gravações. Sem contar que os pacatos moradores barbosenses devem ter estranhado e muito a movimentação dos cineastas.

Pecando apenas por não desenvolver um final melhor (a sensação que fica é que a produção foi terminada às pressas, apesar que sinto que a intenção foi apenas fechar a história de um modo diferente), Patrícia Gennice é tudo o que se espera de um trash movie com cara de cult: bizarro, sangrento, engraçado, informal e extremamente divertido.

2 comentários:

  1. Sobre o final de "Patricia Gennice": aquela realmente foi a última cena gravada (por causa da sujeira na roupa do protagonista, o filme foi quase todo feito em ordem cronológica dos acontecimentos), e todo mundo estava de saco cheio, principalmente eu. Assim, acabamos nem filmando a última cena, que aconteceria logo depois que a porta da casa de Patricia se fecha: a câmera se afasta e vemos El Pissõn, ainda com o ramalhete de flores, desconsolado na rua e reclamando para a câmera: "É, acho que perdi a viagem..."

    ResponderExcluir
  2. Você podia rodar essa cena agora, e incluir como cena adicional depois dos créditos!

    ResponderExcluir