segunda-feira, 25 de maio de 2009

J.G. Ballard





























Sei que eu estou um pouco atrasado para anunciar a morte do genial J.G. Ballard, mas não posso deixar de prestar minha homenagem. Esse cara é show! No dia que algum outro escritor tiver a criatividade para escrever um romance como Crash... (nem consigo terminar a frase: Ballard é para mim como um buraco negro, e sempre que ele surge, suga para si qualquer pontinho de originalidade). Só as capas já são geniais!
David Cronenberg também deve ter bebido da mesma água de J.G. quando dirigiu a adaptação ao cinema (apesar de que só fui reconhecer isso anos mais tarde).

E apesar dessa brutalidade criativa, J.G. ainda nos mostrou a criança que vivia por baixo de sua pele, ao emocionar o mundo com O Império do Sol. Ninguém melhor que Steven Spielberg para adaptar esta obra.

Passeio Felino



Por causa de momentos como os desta foto, sempre achei que o Gato adorasse automóveis. O chamo apenas de O Gato. Ele simplesmente apareceu um dia aqui em casa, enfrentou os cachorros e permanece até hoje. Mentira: uma vez que viajamos por três dias ele desapareceu. Levou um ano para voltar. Bem, com todo esse mistério não dignei-me dar-lhe um nome. É apenas O Gato.
Pois hoje quando cheguei do trabalho reparei que estava sem minha chave, e não pude passar da porta.. Quando estava entrando no carro ele surgiu, ronronando, todo solitário, e me deu uma peninha. Resolvi levá-lo dar uma volta, já que aparentemente gosta tanto de carros.
Seria um passei curto, uns dez quarteirões. Saímos com todos os vidros fechados (para evitar uma fuga) e o gato foi bonitinho, no assento traseiro. Logo depois da primeira curva tinha subido lá atrás, acima do assento, sobre os auto-falantes. Eu dirigia olhando para ele através do retrovisor, achando-o mais bonitinho que nunca. Mas ele deve ter começado a estranhar aquele sacolejo típico em ruas esburacadas, e as constantes freadas a cada cruzamento, e começou a ficar nervoso. Até me assustei quando ele começou com aqueles miados longos e graves, quase como um “nããããããããooooo...”. E logo ele estava no assento do passageiro. Comecei a ficar com medo, porque apesar de ele morar aqui em casa, não é exatamente um amigo íntimo. E na hora do medo, pode-se esperar qualquer coisa de um animal. Eu dirigia com um olho na rua e outro no gato, que miava e abaixava as orelhas de uma forma assustadora, tentando se equilibrar pelos assentos. Logo depois ele já estava em cima do painel, na minha frente, atrapalhando a visão. Era bem naquela hora em que os alunos saem da aula, e esta região é cheia de escolas. Somando-se o fato de que hoje foi um dia de chuva, dá pra imaginar a movimentação atípica de veículos pelas ruas, o que exige atenção triplicada do motorista. Continuei dirigindo, arrependido de trazer o gato e com medo de que ele provocasse um acidente. Esse medo aumentou quando ele se enfiou as patinhas no meio do volante e passou a dar a seta e a acender a luz alta, e logo em seguida, quando pulou no meu colo e cravou as unhas na minha perna.
Depois que cheguei aonde queria, fiquei com medo de que ele fugisse assim que eu abrisse a porta, mas ele ficou no carro. Quando peguei a chave e voltei ao automóvel, notei que aquela tampinha do ar quente, ao lado da direção, estava quebrada, caída no chão (na verdade ele não tem culpa disso, porque a tampa já estava meio quebrada).
Na volta para casa foi a mesma história. Antes de dar a partida o transferi ao banco de trás, mas ele fez as mesmas coisas de antes. Eu tinha que rir quando passava por pedestres que ficavam olhando aquele enorme gato na minha cara, como se ele também tentasse dirigir o carro.
Quando chegamos em casa, foi um alívio. Estávamos sãos e salvos, sem nenhum arranhão. Bem, talvez alguns arranhões em mim e no carro, mas nada grave. E também alguns pêlos no assento.
Espero que ele não tenha enlouquecido com a nossa voltinha, porque mesmo com as quatro patas no chão firme, ainda pude ouvir ele miar aquele “nããããããoooo...” algumas vezes.
Talvez ele, assim como eu, mal espere pelo nosso próximo passeio automobilístico juntos.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Um livro que viajou no tempo para ser meu



Eu sempre quis lê-lo, mas há muito tempo não era publicado no Brasil. Só consegui comprar esse livro através de um sebo virtual que não disponibilizava fotos dos produtos no site. Fiz a compra às cegas, sem ao menos saber de qual editora era ou em que estado se encontrava. Mesmo assim foi um grande lance de sorte encontrá-lo, e não desperdicei a oportunidade. Quando abri a caixa do correio, me deparei com um livrinho pequeno, extremamente antigo (coleção Argonauta, editada nos anos 50 e 60), já amarelado, mas ainda assim em bom estado. Para minha decepção, as páginas estavam coladas, e tive que usar uma régua para poder abri-lo (paguei quase R$ 30,00 por um livrinho velho e com as páginas grudadas. Isso é o que dá!, pensei). Tive vontade de reclamar no site da loja, mas imaginei que era uma peça rara, e por isso é que venderam daquele jeito e com um preço relativamente salgado.

Mas uma surpresa me aguardava: logo na contra-capa havia um aviso, dizendo o seguinte: NO SEU PRÓPRIO INTERESSE, PREZADO LEITOR, VERIFIQUE SE ESTE LIVRO MANTÉM O LACRE BRANCO QUE SELA ALGUMAS DE SUAS PÁGINAS; NESTE CASO, ABRA-O, POR FAVOR, COMO ABRIRIA UM LIVRO NÃO GUILHOTINADO, ISTO É, COM UMA FACA, ATÉ COM UM SIMPLES CARTÃO, E ASSIM NÃO RASGARÁ AS FOLHAS. SE O LIVRO ESTIVER TODO ABERTO, REJEITE-O, POIS É INDÍCIO DE QUE JÁ FOI LIDO. DEFENDA SUA SAÚDE NÃO MANUSEANDO LIVROS USADOS.

Percebi que essa edição do livro estava destinada a ser somente minha, e ficou uns cinquenta anos sem ser lida, sem ser ao menos aberta por ninguém desde impressa, esperando que minhas mãos fossem as primeiras a tocar e meus olhos os primeiros a ler aquelas páginas já amarelas, mas cheias de fantasia e mágica, capazes de me transformar em uma criança novamente.

Cidade Fantástica é sobre o verão de 1928 na vida de um menino de 12 anos. Suas descobertas sobre a vida e a morte tornaram essa leitura uma das minhas melhores experiências de todos os tempos. O título nacional do livro veio bem a calhar, porque aqui em terras tupiniquins pouca gente conhece o vinho de dente-de-leão, do título original, e também porque Bradbury descreve apaixonadamente pequenas coisas da vida, elevando-as ao patamar do fantástico.

Alguns até classificam o romance de ficção científica, apesar de se passar em uma cidadezinha americana qualquer dos anos 20, sem nenhum acontecimento extraordinário para os padrões adultos. O olhar infantil do autor sobre a vida é que remete as páginas do livro aos contos fantásticos. É sobre um verão de maçãs verdes, gramas cortadas e tênis novos. De fogos de artifício, de dentes-de-leão e da barriga da vovó esquentando no fogão. É sobre um verão de tristezas e maravilhas e abelhas douradas. Um mágico verão na vida de um menino chamado Douglas Spaulding. O leitor se sente rodeado pelo ar quente, pelos cheiros florais e pela brisa noturna durante a leitura.

Já li Dandelion Wine, ou Cidade Fantástica, duas vezes e pretendo repetir a experiência em todos os verões. E de jeito nenhum empresto para alguém!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Cruuuu!!!


Ouvi durante dias um barulho na cozinha. Só no terceiro é que notei que ecoava pela chaminé. Abri aquela tampa por onde se retira o carvão, e minutos depois quem é que tira a cabeça para fora? A corujinha deve ter dado uma de papai noel e ficou presa. Depois que saiu deu uma sentadinha na porta, quando aproveitei para fazer essa foto. Depois voou até o teto - onde deixou a marca de suas asas, já que estava coberta de cinzas - e saiu pela janela.

domingo, 10 de maio de 2009

Saudades da Infância

Melancolia...

Adoro essa palavra. Mas quando ela serve para expressar esse sentimento que às vezes sente meu coração, como está sentindo agora.

Quando ela me faz recordar os mistérios do matagal, ou quando me faz pensar nas pipas multi-coloridas esvoaçando pelo ar nos céus muito azuis e frios do outono. Melancolia! Ela me faz querer voltar no tempo, para cavar a terra em busca de um tesouro, ou correr atrás do vendedor que passava pela rua com a matraca gritando: algodão doce! Ou então para descer as calçadas sobre um carrinho de rolimã, gerar imensas bolas de sabão assoprando uma cebolinha ou sair da banca carregado de pacotes de figurinhas para colar no álbum...

Que palavra agradável!

Me-lan-co-li-a...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Sexta londrina

Hoje a sexta-feira foi linda: durante todo o dia prevaleceu um clima londrino, cheio de nuvens, névoa, garoa e frio. Agora à noite, então...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A primeira valsa

Nesta bela e agradável noite, sinto-me preparado para dar início ao baile.
Hoje merecemos brindar com muitas taças de vinho!
E que a orquestra comece a tocar...