domingo, 17 de janeiro de 2010

Filmes, filmes, filmes

A Estrada (The Road) : Baseado em romance de Cormac McCarthy (de Onde os Fracos Não Têm Vez), vencedor do prêmio Pulitzer, o filme traz um pai e um filho lutando pela sobrevivência em uma Terra devastada por um cataclisma. Do diretor do ótimo western A Proposta, a produção impressiona em vários pontos, a começar pelo visual da devastação: não há sinais de luz do Sol durante o dia, e as noites são muito negras. Tudo está sujo e destruído, e os reduzidos sobreviventes lutam para encontrar comida. Há um suspense quase insuportável, já que pai e filho são vítimas fáceis das gangues de canibais. Esperei um bom tempo para conseguir assistir esta pérola, e não me decepcionei. Mais uma vez palmas para Viggo Mortensen, que tem se revelado um dos melhores atores da atualidade, e tem escolhido apenas projetos brilhantes, como este aqui. E McCarthy deve estar satisfeito com as adaptações de seus livros para o cinema: além dos citados, é o diretor Todd Field quem comandará o próximo projeto baseado em uma obra sua, Meridiano de Sangue. (5 estrelas em 5)


Lunar (Moon) : Astronauta passa três anos sozinho em uma estação na Lua, onde realiza um trabalho de extração de minérios. Porém, a três semanas do término de seu contrato, uma experiência misteriosa colocará sua vida e sua sanidade em risco. Esta elogiada ficção científica, e filme de estreia do diretor Duncan Jones, merece muito ser conhecida. Não é do tipo que apóia-se em efeitos especiais e que mostra fascínio pelo desenvolvimento tecnológico: a história é de fundo psicológico, o que me lembrou muito os contos de Ray Bradbury. O visual é bem interessante, ainda que tenha sido um filme com baixo orçamento. O ator Sam Rockwell dá um show (ele é aquele bandido louco de À Espera de um Milagre), conseguindo expressar a loucura gerada pelo isolamento de um cara a 380 mil km da Terra. (5 estrelas em 5)


La Nana : Produção chilena sobre uma empregada que trabalha há mais de 20 anos com a mesma família. Uma premissa simples, porém muito bem realizada, que fez a produção ganhar o prêmio do júri no festival de Sundance 2009. Filmado com a câmera na mão, La Nana apóia-se em uma narrativa realista, centrando-se na vigorosa interpretação do elenco, principalmente da atriz Catalina Saavedra. Ela faz a protagonista, que parece ter perdido a própria identidade depois de trabalhar tanto tempo com a família, e se transformou em uma pessoa dura, que não suporta a ideia de outra moça como empregada para dividir as tarefas. Eu adoro o cinema latino, e esse filme foi uma das melhores coisas que já assisti no gênero. (5 estrelas em 5)


(500) Dias com Ela : Depois do gênero "comédia romântica" ter esgotado as possibilidades criativas e gerado inúmeras produções clichês e água com açúcar, eis que este 500 Days of Summer faz muito sucesso e se apresenta como uma inovação na categoria. Narra o período em que o mocinho ficou apaixonado pela mocinha, mas logo de início sabemos que eles não ficam juntos no final. O filme é bem bonitinho e moderninho (muita música boa na trilha e demais referências à cultura pop), e traz cenas legais, como a já famosa tela dividida mostrando "realidade" e "expectativa". Os dias também não são mostrados em ordem cronológica, indo do dia 403 ao 07, para depois ir ao 154, por exemplo, o que faz com que vejamos o casal se conhecendo em uma cena, para depois o protagonista curtir um bode pela separação logo em seguida, e minutos depois vermos o casal apaixonado. É uma estrutura interessante. Porém, se olharmos atentamente, não passa de uma história de um cara que se apaixona por uma guria, começa a namorar, o romance acaba e ele sofre. Ou seja, no fim das contas, não é aquele poço de criatividade que tanto comentam. (3 estrelas em 5)

2012 : O que se pode esperar do mais recente filme apocalíptico do mesmo diretor de O Dia Depois de Amanhã, Independence Day e Godzilla? Sim: duas horas e meia de alguns poucos personagens sobrevivendo miraculosamente a grandes desastres. Talvez o termo "miraculosamente" ainda seja leve demais, mas não sei se existe outro para este caso, já que ninguém pode contar com tanta sorte assim. Bem, posso dizer que algumas coisas do filme me empolgaram (também pudera: como é possível dormir diante de cenas em que todo um Estado é destruído em alguns segundos?), e até mesmo os núcleos dramáticos saem do óbvio demais (o que não significa muito). Pena que as cenas de destruição em massa ocupam principalmente o segundo ato, e ainda somos obrigados a mais alguns terços de hora com poucas catástrofes, até o inevitável fim esperançoso. (3 estrelas em 5)

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