terça-feira, 1 de junho de 2010

Lost e o Espiritismo - parte 2

Algumas pessoas têm me perguntado: qual a chance de ocorrer na vida real tudo o que se passou em Lost? A resposta talvez seja um pouco complexa, pois envolve muitos assuntos abordados pela série ao longo dos seis anos em que foi exibida, mas podemos tratar de alguns.

Conforme escrevi no meu primeiro post sobre a visão espírita de Lost, o básico do que foi mostrado na série é, sim, perfeitamente real e de acordo com a doutrina espírita: pessoas morreram e tiveram que eliminar todos seus impulsos inferiores (medos, orgulho, pessimismo, falta de fé, dependência química, etc) para poderem entrar no mundo espiritual. Esse assunto pode ser mais aprofundado com a leitura do livro Nosso Lar e, para os que tiverem estômago mais forte, Memórias de Um Suicida. Em ambas as obras, de grande importância para um conhecimento mais aprofundado do espiritismo, acompanhamos as duras provas que os espíritos ainda muito apegados à matéria precisam passar na região conhecida como Umbral, após a desencarnação, até que estejam preparados para subirem a regiões mais evoluídas.

Mas outro assunto que podemos abordar também, e que foi pouco explorado pelos roteiristas do seriado, é: por que pessoas que nem se conhecem acabam passando juntas por provas coletivas? Um acidente de avião é um bom exemplo, onde morrem muitos passageiros ao mesmo tempo, sem chance de sobrevivência. O que os levou a estarem naquele voo e a passarem por aquilo?

Através do Espiritismo, temos conhecimento da necessidade do resgate das nossas dívidas de vidas passadas. Geralmente já encarnamos sabendo que teremos que passar por uma prova do tipo, pois a consciência do espírito nunca morre, por mais que encarnemos em um novo corpo e apaguemos da memória todas as barbaridades que cometemos em outras existências. Normalmente nós mesmos pedimos para passar por uma prova dessas, para eliminar a forte impressão e o remorso que ainda carregamos pelo mal que fizemos aos nossos semelhantes em encarnações passadas.

Já se tornou conhecido aquele caso do edifício Joelma, em São Paulo, onde morreram queimadas várias pessoas. Mais tarde os espíritos de várias delas afirmaram, através de mensagens psicografadas por Chico Xavier, que aquilo lhes era necessário para encontrarem a paz, já que carregavam uma grande culpa por terem queimado gente viva em outra existência. Aquelas pessoas não se conheciam nesta vida, mas Deus as reuniu naquele lugar, no dia certo, com as condições necessárias para que passassem por aquela expiação.

Como afirmei no meu post sobre Deus, a nossa inteligência ainda é muito limitada para compreender a grandeza Dele e de Suas tarefas. Não representa, portanto, grande trabalho para Deus reunir um grupo de espíritos que possuem um carma parecido, mesmo que isso seja centenas ou até milhares de anos depois dos crimes que cometeram. Aliás, coincidências não existem, e tudo o que atribuimos ao acaso podem ser forças espirituais nos empurrando para aquilo que esteja em nossa programação reencarnatória.

E é aí que entra a queda do avião de Lost: certamente aqueles personagens não se conheceram naquele dia. Muito provavelmente todos já se conheciam de vidas passadas e possuíam uma questão semelhante para resgatarem. É óbvio que eles não se conheciam na encarnação presente, mas ao se encontrarem puderam transformar em amor e amizade todos os sentimentos que, muito provavelmente, eram de ódio e rancor durante a encarnação passada. Em minha visão ideal de flashback para a série, Jack, Locke e companhia deveriam ser mostrados como inimigos, em uma época de gladiadores, ou na Idade Média, cometendo toda sorte de excessos e monstruosidades. O encontro "casual" no voo, séculos depois, foi movido por forças de atração exercidas pelo fluido cósmico universal, e a queda na ilha fez com que todos se reunissem, após sabe-se lá quantas encarnações, para que transformassem em amizade qualquer tipo de sentimento ruim que ainda conservassem e, finalmente, zerassem suas dívidas.

Ainda há dúvidas sobre a morte dos personagens ter ocorrido na queda do avião ou na ilha. Independente disso, sabemos que o flashlimbo da última temporada representava uma nova existência dos personagens, na qual eles não se conheciam, não se lembravam da Ilha, e encontravam oportunidades de redenção pelos erros do passado (uma ligação muito fácil que podemos fazer com a Reencarnação).

Normalmente é assim: ganhamos novas oportunidades todos os dias para reparar o mal que já fizemos. Alguns de nós falhamos nesta segunda chance, mas Deus sempre concede outras e outras. Podemos corrigir nossos defeitos através do Amor ou então pela Dor. Está claro que, morrer em um acidente de avião e ser obrigado a encarar grandes desafios em uma ilha misteriosa por anos é uma forma de aprendizado através da Dor. Mas Lost terminou mostrando que, se cultivarmos o Amor, já estamos prontos e podemos evitar muito sofrimento que poderia ainda haver em nosso carma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário