quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Entrevista para o Ademir Pascale

Ademir Pascale: Quais foram as principais influências e como foi o início de L. F. Riesemberg para o meio literário?

L. F. Riesemberg: Acho que o início de qualquer pessoa no meio literário começa no dia em que ela começa a ler. Eu tive a oportunidade de conviver com muitos livros desde a infância, e isso foi fundamental para surgir o meu interesse em ingressar nesta área. Decidi que queria ser escritor quando eu tinha uns 12 anos e já havia lido quase todos os romances do Sidney Sheldon que meu pai tinha em sua biblioteca. De lá para cá eu me preparei, tendo inclusive concluído as faculdades de Jornalismo e Letras, e nunca deixei de encarar os livros como fascinantes e mágicos. Minha primeira influência para a escrita foi o Stephen King, pois comecei a ler suas obras ainda na adolescência. Mas hoje há outros autores que me comovem muito mais que ele: Guy de Maupassant, Jorge Luis Borges, Horácio Quiroga, Ray Bradbury, Roald Dahl, Richard Matheson e J.G. Ballard são alguns nomes que me chamam a atenção, porém estou sempre em busca de outros, que possam me interessar ainda mais.

Ademir Pascale: Poderia comentar sobre a sua recente obra Grafias Noturnas (Biblioteca 24x7)?

L. F. Riesemberg: Este é meu primeiro livro solo, no qual reuni 21 contos do gênero fantástico, escritos entre 2003 e 2009. Vários deles já haviam sido premiados em concursos literários pelo país e publicados em antologias durante este período.

Ademir Pascale: Por que a escolha pelo terror?

L. F. Riesemberg: Não sei se posso dizer que o meu gênero é terror. Prefiro a denominação de “fantástico”, pois não escrevo para causar medo e espanto. Ao contrário: em meu livro há contos muito sensíveis, havendo espaço para o drama e para o humor. A questão é que sempre abordo algum elemento sobrenatural em minhas histórias, como fantasmas, vampiros e demônios. Existe a denominação “Realismo Fantástico” para esse gênero, produzido em larga escala na América Latina, que pode até descrever fadas e monstros, por exemplo, mas como alegorias para tratar de temas sérios e muito reais. Particularmente, não vejo sentido em uma literatura que preocupa-se apenas com o choque e com a violência gratuita: disto, o mundo real já está cheio, e eu quero que meu trabalho traga algo de bom e instrutivo a quem o ler.

Ademir Pascale: Como está sendo a receptividade dos leitores e a repercussão na mídia?

L. F. Riesemberg: A recepção está me surpreendendo. Estou longe de ser um campeão de vendas, mas noto que muita gente tem se interessado pela obra, aprovando sua qualidade e indicando-a para os outros. Depois que ilustrei uma reportagem em um grande jornal do Paraná, vi que rapidamente vários sites já reproduziram o texto, e há gente divulgando até em Portugal. O fato de não ter uma grande editora para fazer a distribuição e a divulgação torna as coisas mais difíceis e demoradas, mas eu tenho tanto amor pelo meu trabalho que encaro este desafio com muita satisfação e um grande sorriso no rosto.

Ademir Pascale: Como os interessados deverão proceder para adquirir o livro?

L. F. Riesemberg: Grafias Noturnas está à venda no site www.biblioteca24x7.com.br. Lá é possível comprar a versão impressa ou a virtual, que é obviamente mais barata. Para quem não estiver no Brasil, pode conseguir pelo site da Amazon. E se alguém quiser adquirir comigo mesmo, entre em contato pelo e-mail luizrie@hotmail.com, pois caso eu possua em estoque, terei o maior prazer em vender exemplares autografados.

Ademir Pascale: É verdade que alguns dos contos de Grafias Noturnas estão sendo utilizados em salas de aulas de algumas universidades dos EUA?

L. F. Riesemberg: Sim, é verdade. A Drª Cacilda Rego utiliza três contos incluídos em Grafias Noturnas (além de um quarto, que não entrou no livro) — os quais eu havia postado na internet há algum tempo — para ministrar um curso de Literatura Brasileira na Utah State University. Descobri isso ao acaso, fazendo pesquisas no Google, e entrei em contato com ela. Segundo Cacilda, no Brasil há ótimos escritores do Fantástico que não são reconhecidos pela crítica, e esse é um gênero que gera o interesse de muitas pessoas — até mesmo daquelas que não têm o hábito de ler. Por isso, e aliado ao fato de ela ter achado meus contos “ótimos”, como me confessou, ela os escolheu para o curso. Nem preciso dizer como fiquei orgulhoso ao saber que, na programação da disciplina, meu nome estava entre os de autores como Machado de Assis, Graciliano Ramos, J.J. Veiga e Murilo Rubião, representando a literatura brasileira para estudantes norte-americanos.

Ademir Pascale: Por favor, fale mais sobre seu conhecimento e suas experiências com o espiritismo.

L. F. Riesemberg: Nasci em família espírita, e sempre gostei muito de estudar a doutrina codificada por Allan Kardec, e também de ler obras deste gênero. Inclusive há centenas de romances mediúnicos (psicografados) que poderiam figurar entre os maiores clássicos da literatura mundial, caso fossem mais conhecidos pelo público e respeitados pelos literatos. É claro que entre eles não entram os livros da Zibia Gasparetto, que são muito fracos, trazem vários erros doutrinários e, infelizmente, são muito populares em nosso país. Estou falando de obras como A Vingança do Judeu (de J.W. Rochester), ou de qualquer uma psicografada pelo Chico Xavier. Quanto às minhas experiências, atualmente estou em um grupo de estudos sobre a mediunidade, leciono para uma turma de jovens espíritas e faço parte da diretoria de um centro em minha cidade. A palavra de ordem do espírita é “aprender”, e para isso tenho procurado ler, frequentar cursos e assistir palestras. Sei que ainda há preconceito por parte dos que não conhecem a doutrina, que acham que espiritismo é coisa do diabo e que todos os médiuns são farsantes, por isso eu luto para provar que o espiritismo pode responder a todas as perguntas do ser humano e é capaz de transformar as pessoas e o mundo em algo muito melhor.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

L. F. Riesemberg: Nesse momento estou esboçando um romance, parte autobiográfico e parte ficcional, sobre o fim da infância e o início da adolescência. Nele haverá muitos ensinamentos que eu só pude compreender mais tarde, graças justamente ao espiritismo. Minha intenção é fazer com que os jovens evitem muitos erros que geralmente são cometidos na adolescência, e procurarei abordar temas como o uso de drogas, o suicídio e aquela perigosa brincadeira chamada “jogo do copo”. Mais uma vez será literatura fantástica, mas tratando de temas muito reais. Espero que o resultado seja o meu “O Corpo” (conto de Stephen King que deu origem ao filme Conta Comigo) pessoal. Além deste projeto, eu não quero parar de produzir contos, e tenho vontade de experimentar a literatura infantil um dia.

Ademir Pascale: Quais dicas daria para os novos escritores?

L. F. Riesemberg: Em primeiro lugar: ler muito. Em segundo: ler muito. E em terceiro: ler muito. Um escritor que não gosta de ler é a mesma coisa que um médico sem diploma. E é muito importante que se conheça o maior número possível de autores, de todos os estilos, pois às vezes você pode escrever algo e acreditar que aquele texto é um poço de originalidade, sem imaginar que algum autor que você não conhece já fez aquilo mesmo, de uma forma muito melhor, há mais de um século. Somente assim para alguém escrever bem. Além disso, é preciso escrever todos os dias, pois a falta de prática atrofia o poder da escrita. E a minha experiência demonstrou que a participação em concursos literários é uma ótima forma de saber o que os outros acham do seu trabalho. Não vale perguntar para a mãe se ela gostou do seu conto: é preciso ouvir a opinião de alguém neutro, e que possua conhecimentos profundos sobre literatura.

Ademir Pascale: Onde os interessados poderão saber mais sobre L. F. Riesemberg?

L. F. Riesemberg: Através do meu blog grafiasnoturnas.blogspot.com e do meu perfil no Orkut. Também podem me escrever no e-mail, que terei prazer em responder, conforme minha disponibilidade.

Perguntas Rápidas:

Um livro: Lolita, de Vladimir Nabokov
Um(a) autor(a): Ray Bradbury
Um ator ou atriz: o argentino Ricardo Darín
Um filme: O Labirinto do Fauno
Um dia especial: O dia em que venci meu primeiro concurso literário, o que me deu o gás definitivo para optar pela carreira de escritor.
Um desejo: O de ter uma vida feliz e de sair dela levando apenas boas lembranças.

Ademir Pascale: Desejo-lhe muito sucesso em suas empreitadas literárias. Um forte abraço.

L. F. Riesemberg: Agradeço de coração e retribuo os votos. Grande abraço!

Fonte: http://www.cranik.com/entrevista128.html

3 comentários:

  1. o filme: concordo imenso contigo! adoro esse filme, está uma coisa!
    bjinhos!

    ResponderExcluir
  2. Oi L.F. Riesemberg!! Obrigada pela visita! Li sobre o seu livro no blog da Celly Borges e estou com muita vontade de ler.

    Quanto ao seu comentário no meu blog sobre Deixa ela entrar...sobre o livro - pesquisei um pouco antes de fazer o post e não achei nada sobre um possível lançamento no Brasil, espero que com os filmes (esse e o americano) resolvam traduzir - eu não li (e nem comprei) ainda, vi no site da Livraria Cultura em inglês e o original também.
    Bom fim de semana!

    ResponderExcluir