segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Festas!

O blog Grafias Noturnas entra em férias a partir de hoje. Também sou filho de Deus (será?) e vou aproveitar o fim de ano para descansar um pouco. Eu gostaria de agradecer a todos que, em 2010, compartilharam este espaço, lendo, participando das promoções, comentando e recomendando o blog.

E já quero adiantar que, logo no início de 2011, teremos muitas atrações: o sorteio de Tripulação de Esqueletos, minha lista dos melhores filmes assistidos neste ano e a resenha do primeiro livro que já li para o desafio Ray Bradbury (para quem não sabe, minha resolução de ano novo é passar 1 ano lendo apenas livros do meu autor preferido).

Então é isso! Boas festas a todos, e bons sonhos!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Resolução de fim de ano

O resultado da enquete "Que livro você me indica para ler no final do ano?" deu o primeiro lugar, com larga vantagem, para O Pistoleiro, de Stephen King. Gostaria imensamente de agradecer a todos que votaram, principalmente a quem justificou o voto.

Porém, quero antecipadamente me desculpar, e dizer que não lerei este livro, por enquanto. Um dos motivos é a recomendação do Mário Carneiro Jr, sobre ler O Pistoleiro apenas se eu for continuar a acompanhar a série A Torre Negra. Concordo com ele, e honestamente, não sei se tenho pique para uma jornada tão grande de Stephen King assim, hoje em dia.

A outra razão é que, neste período em que se realizou a votação, acabei relendo um dos meus livros favoritos: O País de Outubro, de Ray Bradbury. Aliás, este ano priorizei releituras, e é algo que recomendo. Na segunda vez que você lê o mesmo livro é possível se familiarizar mais com o texto e com o autor - e a leitura sai bem mais rápida e eficaz.

E relendo esta maravilha, me toquei de que eu já havia deixado de lado, há muito tempo, de ter contato com o tio Ray, que é meu autor predileto. Um absurdo! Portanto, fiquei com muita vontade de ler (e reler) mais e mais contos dele.

Assim, tomei uma decisão. Minha resolução de fim de ano é fazer de 2011 o "Ano Ray Bradbury". A ideia de ler apenas um autor durante um ano pode parecer enfadonha, mas veja só quantos desafios adoráveis envolvendo o autor eu terei:

- Finalizar leituras inacabadas (As Crônicas Marcianas);
- Ler seu livro mais conhecido, que eu até tenho vergonha por ainda não ter lido (Farenheit 451);
- Reler o favorito da minha biblioteca (Dandelion Wine);
- Revisitar meu primeiro contato com o autor (O Homem Ilustrado);
- Descolar Dark Carnival, a estreia do autor (que provavelmente terei que ler em Inglês).

É isso aí! Espero receber alguns comentários de incentivo para esta tarefa, pois são tantos livros interessantes de outros autores, que certamente a tentação de não cumprir minha resolução será muito grande. Conto com vocês, portanto. Em troca, vou postando no blog minhas impressões sobre cada livro, ok? E se alguém quiser me acompanhar no desafio, será muito bem vindo. Tenho certeza que, depois de ler Ray Bradbury, sua vida não será mais a mesma.

Grande abraço, e bons sonhos!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

F**k Me, Ray Bradbury

Dias atrás me deparei com uma das mais inusitadas homenagens que um fã já fez a um escritor. "Fuck Me, Ray Bradbury" é o clip de uma canção pop criada pela humorista Rachel Bloom, para homenagear o - segundo ela mesma - "melhor autor de ficção científica da história".

Apesar de ser um trabalho muito bem humorado e sensual, não pude conter as lágrimas por saber que uma jovem de 23 anos nutre tanto amor pelo escritor - que também é o meu favorito.

E como se não bastasse, o video acaba sendo um elogio à leitura, em oposição ao culto do corpo. Em algumas entrevistas, Rachel Bloom disse que não entende como os atores de cinema podem ser mais desejados do que os escritores, já que estes são capazes de criar mundos.

Na canção, Rachel interpreta uma adolescente que se recusa a sair com um rapaz à noite, e prefere ficar em casa, lendo. Os livros do escritor conseguem dar a ela mais prazer (literalmente) do que o carinha de carne e osso, e ela então desenvolve uma tara especial pelo velhinho. A letra faz referências a vários títulos de Bradbury, como The Halloween Tree, S is for Space e Dandelion Wine, entre outros.

O trecho que me fez chorar foi o que ela diz que "desde os 12 anos é sua fã número 1", e em seguida completa como "kiss me, you Ilustrated Man". Puxa, eu só não sou fã de Bradbury desde os 12 anos porque fui conhecê-lo mais tarde (apesar de me sentir como um menino toda vez que leio seus contos), e o primeiro livro que li dele foi justamente O Homem Ilustrado.

Depois do enorme sucesso do video no Youtube, Rachel conheceu pessoalmente seu ídolo, que disse ter gostado muito do clip (e quem não gostaria?) e a presentou com uma edição especial de As Crônicas Marcianas.

Espero que essa história ajude os jovens a ver que ler pode ser mais sexy que qualquer outra coisa. E que faça o velho Ray, hoje com 90 anos de idade, viver pelo menos mais uns 10.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Raízes do Mal (Evil)

Eu gostaria de indicar um filme muito bom que assisti hoje, chamado Raízes do Mal (Evil). Trata-se de uma produção dinamarquesa, de 2003, que foi indicada ao Oscar de filme estrangeiro. É o trabalho de estreia do cinesta Mikael Håfström, que mais tarde dirigiu 1408, baseado no conto de Stephen King.

Raízes do Mal é sobre Erik Ponti (Andreas Wilson), um adolescente de 16 anos acostumado a tratar todos com brutalidade, devido aos maus tratos de seu padastro. Depois de ser expulso da escola onde estudava, é transferido para Stjärnberg, um famoso colégio interno privado. Sabendo que pode ser sua última oportunidade, Erik tenta mudar seu estilo de vida para adaptar-se ao lugar, mas logo ele descobre que está preso em um verdadeiro inferno.

O terror, neste caso, é representado pelos alunos mais antigos, que subjugam os novatos. Neste filme está um dos mais terríveis vilões do cinema, na figura do deplorável Silverhielm - um veterano intocável no colégio, capaz das mais terríveis atitudes para humilhar os recém-chegados.

Bastante violento e emocionalmente exaustivo, Evil ainda promove uma profunda reflexão sobre a honra, o respeito e a coragem. Certamente é o melhor trabalho de Mikael Håfström, muito bem dirigido e roteirizado, que lembra um filme de terror - o que deve explicar seu posterior envolvimento com a adaptação de 1408.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Switch Bitch (Roald Dahl)

O autor Roald Dahl é, para mim, um dos exemplos máximos de aproveitamento do cérebro humano para escrever histórias. Mais conhecido por seus livros infantis, como A Fantástica Fábrica de Chocolates, Dahl sempre demonstrou um lado macabro e de humor negro em seus contos, mesmo quando escrevia para crianças. Mas ele também escreveu para adultos.

Quando me refiro à literatura adulta de Dahl, não quero dizer que ele escreveu livros eróticos, mas sim histórias igualmente macabras, inteligentes, com humor negro e extremamente divertidas − com a diferença de serem dirigidas ao público adulto. Quem tiver curiosidade pode ler sua coletânea Beijo com Beijo (lançada mais recentemente apenas como Beijo).

Porém, Roald Dahl escreveu, sim, um livro mais safadinho, que se aproxima da literatura erótica. Mas sem deixar de ser macabro, com humor negro e brilhante! Estou falando de Switch Bitch, uma coletânea de quatro novelas produzidas com o estilo único de Dahl, mas todas com teor sexual – sendo que algumas foram até publicadas na Playboy.

Na primeira, The Visitor, somos apresentados a um dos mais intrigantes personagens já criados pelo autor. Tio Oswald é um milionário bon vivant, já de certa idade, que está na Síria quando alguns eventos inesperados o colocam como hóspede no palácio de um sheik. Bastante competitivo consigo próprio, Oswald sente-se atraído tanto pela esposa como pela filha adolescente do seu anfitrião, e decide que irá dormir com uma delas. Quem conhece as histórias adultas do escritor já pode imaginar que o final será no mínimo inesperado, chocante e com humor negro.

A segunda história é The Great Switcheroo, possivelmente a mais erótica do livro, e não menos inteligente. Acompanhe comigo: dois vizinhos de meia idade combinam, em segredo, trocar de esposas por uma noite. Mas sem que elas saibam! Por várias semanas eles elaboram um plano para que possam agir sem que cada esposa desconfie que dormirá com o marido alheio. É um plano muito elaborado e arriscado, que envolve conhecer muito bem os cômodos da casa do outro, bem como os hábitos sexuais do comparsa. Toda a história, desde o início, é de fazer grudar os olhos no livro e não desgrudar mais até a última linha. E o final é maravilhoso, como não poderia deixar de ser, vindo da mente que o criou.

The Last Act é um conto que, pelo menos de início, tem um tom mais dramático. Narra a história de Anna, uma mulher que começa a ter tendências suicidas após perder o marido em um acidente de carro. Mas depois de resolver dar uma virada em sua vida, faz uma viagem a negócios e resolve ligar para um antigo ex-namorado do tempo da escola. Ela descobre que o sujeito ainda é bonitão e está divorciado e muito bem sucedido, e acaba aceitando passar a noite com ele depois de alguns drinks. Porém, aos poucos vamos percebendo que ele ainda guarda algum tipo de mágoa e desequilíbrio mental desde a época em que Anna desistiu do namoro.

E finalmente o livro fecha com chave de ouro, com a hilariante Bitch. Aqui, novamente nos encontramos com o Tio Oswald, da primeira história, mas quando ele era um pouco mais jovem. Desta vez o simpático e excêntrico milionário resolve patrocinar a criação de um perfume que despertaria um incontrolável desejo sexual em quem quer que o cheire. Assim, depois de elaborada a fórmula perfeita, o protagonista resolve não apenas usar o perfume para atrair mulheres para si, mas também para colocar em prática um audacioso plano: envolver o presidente dos Estados Unidos em um constrangedor episódio de caráter sexual. Depois de cheirar o perfume, o homem mais poderoso do mundo atacaria uma senhora obesa diante de centenas de convidados em um baile. Final irônico e perfeito.

O safadinho Switch Bitch é um dos livros mais divertidos que já li, e ainda calha de ser, ao mesmo tempo, um dos mais inteligentes. A má notícia é que nunca foi lançado no Brasil. Mas se você for bom em Inglês, não deixe de conferir esta maravilha. E caso não o seja, aproveite para adquirir uma cópia de Beijo, ou Beijo com Beijo (Kiss Kiss), o único dos livros adultos de Roald Dahl lançado em nosso país.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Fúria (Rage), de Stephen King

Finalmente li Fúria (Rage), uma das histórias mais antigas de Stephen King, publicada sob o pseudônimo de Richard Bachman. O fato mais curioso a respeito deste trabalho é que sua publicação está proibida pelo próprio autor. Mas o que há de tão polêmico nesta noveleta?

Fúria é sobre o adolescente Charles Decker, aluno do colegial que vai armado para a escola, mata dois professores e mantém uma classe de mais de 20 alunos como reféns. O drama lembra vários casos reais que aconteceram nos Estados Unidos recentemente, e o livro poderia inspirar novos massacres − daí seu banimento. Porém, esta não é, nem de longe, uma das histórias mais violentas de King. Seu maior problema é de ordem moral.

Confesso que gostei do conto, mas como a maioria dos trabalhos do autor, há pontos baixos. E o principal problema que observei diz respeito à verossimilhança da história. Bem, eu não sei o que aconteceria de verdade caso algum adolescente mantivesse minha turma como refém, mas achei um pouco forçados, por exemplo, os momentos em que alguns estudantes, inspirados pelo sequestrador, começam a narrar suas experiências sexuais para a classe.

Mas a ideia de King foi interesante: usar aquela situação, de um grupo de jovens problemáticos entre quatro paredes, sem a presença autoritária de um professor, para realizar uma terapia em grupo e lavar a roupa suja. O problema está nos momentos em que a tranquilidade deles não condiz com o fato de terem acabado de ver dois professores sendo assassinados por um colega e de estarem sob a mira de um revólver.

Quem leu O Nevoeiro vai achar o eixo da história bem semelhante. Pois, assim como naquele conto, Fúria mostra o que pode acontecer com um grupo de humanos enquanto estão presos em um mesmo cenário e sob uma perigosa ameaça. O terror não está no elemento estranho que comanda a situação, mas sim no comportamento das vítimas.

Assim como em O Nevoeiro o Mal era representado não pelos monstros, mas por uma fanática religiosa, em Fúria não é o jovem armado que é o vilão, mas sim Ted Jones, um dos reféns. Bonitão e metido a galã, Jones é o único que parece não compreender a ação de Charlie, e é ele quem pode tentar dominar o sequestrador e acabar com a festa.

Até aí tudo bem, pois King realmente consegue fazer com que Ted pareça o vilão. Principalmente porque ficamos conhecendo os dramas pessoais de Charlie Decker, e o encaramos não como um psicopata assassino, mas como um jovem comum, cheio de problemas familiares e com poucos amigos - que poderia ser qualquer um de nós.

O problema é que o conto sugere que a atitude do protagonista é justificável, e que ele fez um bem a mais de vinte colegas ao entrar naquela sala de aula com uma arma.

Além disso, ao retratar praticamente todos os adultos da história como pessoas estúpidas e cheias de defeitos de caráter, King soa maniqueísta. Ele praticamente converte o verdadeiro bandido da história em um simpático e corajoso herói adolescente.

E a turma que está sob sua mira não fica muito acima em termos de moralidade, pois nenhum dos estudantes parece se importar muito com o fato da professora ter sido baleada na frente deles. Durante todo o conto o corpo dela fica caído no chão, e ninguém, em nenhum momento, tenta conferir se ela realmente morreu. Preferem, ao invés disso, ficar revelando os segredos sujos dos outros, rindo e se xingando.

E apesar de King investir na tensão conforme o final da história se aproxima, o leitor não teme muito pela segurança dos reféns. O único dos alunos naquela sala que corre o risco real de ser baleado é Ted Jones, a quem já odiamos desde o início. Mas quanto aos outros alunos, parece ficar claro que Charlie não tem a intenção de matá-los; e mesmo que o fizesse, não sentiríamos falta deles. Mas de qualquer forma, é impossível largar o livro antes de saber que fim terá aquela situação, e qual será o destino de Charlie.

Enfim, Fúria é um bom conto, mas escrito por um jovem e ainda imaturo Stephen King. A melhor forma de classificar a história é como “inconsequente”, o que a torna bastante perigosa se for lida por algum idiota capaz de pegar uma arma e invadir uma escola para mostrar que é inconformista e revolucionário.

Muito mais chocante e violento é o conto Caim Rebelado, do livro Tripulação de Esqueletos. Este, sim, retrata um massacre em uma escola, cometido por um jovem com um rifle. Conto que, curiosamente, não foi banido nem sofreu qualquer tipo de censura pelo autor.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Dicas para concursos de contos

Neste ano tomei uma decisão difícil: resolvi desistir de participar do concurso de contos da Associação de Escritores de Bragança Paulista – o mesmo que eu já venci por duas vezes, e que desta vez pagaria R$ 2.000 ao vencedor (nas edições anteriores não havia premiação em dinheiro). Desde 2003 eu vinha participando de todas as edições, nas quais obtive duas vitórias e duas menções honrosas. Mas meu motivo para a desistência foi importante: eu aceitei participar como jurado do concurso!

Foi uma experiência enriquecedora, mas enquanto alguns contos me deram muito prazer ao lê-los, outros desafiaram minha paciência.

Analisando os maiores problemas que observei, resolvi elaborar algumas dicas para que os candidatos se saiam melhor nas próximas tentativas. Espero que seja útil!

1- Cuidado com a gramática.
Cansei de ver erros grosseiros de ortografia, sendo que o mais comum é a falta de senso ao usar vírgulas. Nenhum jurado vai querer dar o primeiro lugar a um conto que tenha esse tipo de problema, mesmo que seja uma ótima história. Portanto, se você tiver alguma dúvida sobre como escrever uma palavra ou frase, use o dicionário, ou uma gramática. Se a dúvida persistir, encontre outra maneira de dizer o que pretende.

2- Economize.
Não perca tempo descrevendo aspectos físicos e a roupa dos personagens, a não ser que isso seja importante para a lógica da história. Não é preciso nem citar o nome da cidade onde se passa a trama, e nem mesmo o do protagonista, caso não seja essencial. Todas essas nominalizações e descrições desnecessárias passam a ideia de que o autor só está enchendo linguiça. O que importa no conto é o fato que está sendo narrado. Na verdade, tudo o que não for extremamente necessário deve ser limado do texto. Por que levar seu personagem até certo lugar, se aquilo não vai levar a história adiante?

3- Não encha de diálogos.
Na dúvida, não escreva diálogo algum, porque na maioria das vezes eles só estragam o conto. Eles precisam ser curtos, diretos, relevantes e ter profundidade: de preferência as falas devem possibilitar mais de uma interpretação, apontando para aspectos psicológicos do personagem, senão correm o risco de parecerem tolas.

4- Aprenda a digitar um travessão.
Um erro muito mais comum do que eu imaginava.
− Isto é um travessão.
_ Isto aqui não é!

5- Não tente parecer sábio e intelectual.
Evite palavras difíceis e divagações filosóficas. Um conto narra um fato. Ninguém quer ler sobre crises existenciais, problemas sociais e conflitos de personalidade se isso não vier no corpo de uma bela história, com personagens interessantes, surpresas na narrativa e uma narração envolvente. Eu não tive dúvidas: dei notas baixas a todos os textos que me deram sono.

6- Leia o regulamento dos concursos.
Tivemos que desclassificar vários participantes que enviaram menos cópias do que foi solicitado, ou que ultrapassaram o limite de caracteres estabelecido. Teve até quem mandou poema, sendo que o concurso era de prosa.

7- Seja original.
Não imite, não copie e nem pense em plágio.

8- Seja verossímil.
Cansei de me desapontar com contos porque narravam coisas decididamente impossíveis. Note que uma história pode trazer máquinas do tempo, monstros de nove cabeças, sapos falantes e ainda assim ser verossímil. Mas se um personagem traz um pensamento ou comete um ato que não combina com o contexto, isso pode fazer o conto parecer idiota. E o autor também.

9- Cultive a simplicidade.
Às vezes é difícil colocar no papel uma ideia mais complexa, e isso pode levar o leitor a não compreender muito bem o que está lendo. Se você for menos ambicioso, terá mais chances de atingir o coração do leitor.

10- Capriche no começo e no final do conto.
Principalmente no final. Se o início foi empolgante, faça o leitor entender que aquilo era só uma pequena amostra do que viria no fim da história. Acabe dando uma porrada no leitor, ou então fazendo ele chorar, ou deixe-o com raiva. Faça alguma coisa que mexa de verdade com as emoções de quem leu sua história, como se fosse um tiro de misericórdia, de modo que ele pense “Puxa, valeu a pena ler este aqui!”.

E por fim, aproveite a chance da sua vida. Se você vai escrever um conto, mesmo que de poucas páginas, procure investir bastante neste curto espaço. Crie uma narrativa bem elaborada, com começo, meio e fim. Não desperdice papel com uma porcaria, sendo que há dentro de você a vontade e a capacidade de contar uma bela história.

A escolha

Olá, amigos. Em breve iniciarei a leitura de mais um livro, mas eu sinceramente não sei qual. Na minha estante há vários que comprei, ou troquei, e que ainda não tive a chance. Gostaria, portanto, de uma ajudinha de vocês.
Para isso, responda a enquete no canto direito do blog. E depois pode postar um comentário, justificando a escolha.
Obrigado!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Tripulação de Esqueletos - parte II


Depois de fazermos uma pequena escala, vamos continuar nosso voo rumo ao desconhecido, com a nossa tripulação de esqueletos. E o próximo conto do livro é:

Um Mundo de Praia (Beachworld)
Aqui podemos dizer que é o primeiro ponto baixo da obra. É uma história de ficção científica, sobre uma aeronave que faz um pouso forçado em um planeta estranho, e cujos tripulantes começam a enlouquecer. É lentíssimo, de dar sono. Bem que poderia ter ficado de fora da coletânea. Mas tudo bem: se você passar por essa pequena tortura, você está preparado para uma das mais horripilantes histórias do autor, que é...

A Imagem do Ceifador (The Reaper´s Image)
Junto com O Macaco, este é o outro conto de King que me fez ficar sem sono à noite. Aqui ele nos apresenta a um amaldiçoado espelho de um museu, no qual algumas pessoas podem enxergar a imagem da Morte. É mais um dos textos que ele escreveu na adolescência, provando que desde cedo já era bom em saber assustar.

Nona (Nona)
Não é das minhas preferidas, mas é interessante por trazer, como coadjuvantes, dois personagens de O Corpo (ou do filme Conta Comigo): Vern Tessio e Ace Merril. É sobre um jovem que, depois de conhecer uma estranha garota chamada Nona, junta-se a ela e passa a cometer vários crimes pelas estradas. Uma espécie de Assassinos Por Natureza adolescente, com toques sobrenaturais.

Para Owen (For Owen)
Outro poema da coletânea, que foi escrito para o filho de King. Mostra o pai levando o pequeno Owen para a aula, e no caminho o menino descreve uma escola frequentada por frutas.

Tipo de Sobrevivente (Survivor Type)
A história que o próprio King admite ter ido longe demais. Narrado na forma de um diário, é sobre um médico que, após um naufrágio, vai parar sozinho em uma ilha deserta, carregando um pacote de heroína e nenhuma comida. Depois de ferir gravemente o tornozelo e não poder mais andar, decide amputar e comer o próprio pé. Mas mesmo depois disso, a fome continua...

O Caminhão do tio Otto (Uncle's Otto Truck)
Otto Schenck é um recluso que acredita que seu velho caminhão abandonado, que carrega uma maldição, poderá avançar sobre ele para matá-lo. Lembra o romance Christine.

Entregas Matinais (Morning Deliveries)
Conto estranho e macabro, sobre um leiteiro que faz suas entregas com alguns “presentinhos” para seus simpáticos clientes, como veneno e aranhas nas embalagens onde deveria haver apenas leite e manteiga.

Carrão: Uma Historia de Lavanderia (Big Wheels:Tale of the Laundry Game)
Conto intimamente ligado ao anterior, que traz novamente o leiteiro psicopata. O leitor pensa: “Caramba, achei que esse cara não ia mais aparecer, e ele invade um conto que nem era dele!”. Foi uma boa sacada de King, prolongando o terror da história anterior e entregando para o leitor uma conclusão mais satisfatória.

Vovó (Gramma)
Como se não bastasse O Macaco e A Imagem do Ceifador para me roubar o sono, o livro ainda traz este assustador conto que me deixou sem dormir por algumas noites. Adaptado para a TV na série Além da Imaginação (na versão dos anos 80), nos apresenta a um menino de 11 anos deixado sozinho em casa com a avó moribunda. Até aí tudo bem: esta é, inclusive, uma trama bem parecida com o segmento de O Cemitério que envolve a personagem Zelda, lembram? Mas aqui há um agravante: a velha, além de assustadora por si só, é praticante de bruxaria e tem parte com o capeta. Os trechos em que o menino é obrigado a ir até o quarto onde ela está deitada são de fazer suar frio. E o final é bem inesperado e medonho. O conto é ótimo, mas o episódio da série não fica muito atrás. Está disponível no Youtube.

A Balada do Projétil Flexível (The Ballad of the Flexible Bullet)
História interessante, sobre um autor que acredita escrever bem graças às pequenas criaturas que vivem dentro de sua máquina de datilografar. É muito boa a construção do suspense e da descida do protagonista rumo à insanidade.

O Braço de Mar (The Reach)
E o livro termina neste melancólico e sobrenatural conto sobre Stella Flanders, uma senhora que, com a proximidade da morte, começa a relembrar seu passado e a ouvir seu falecido esposo com cada vez mais frequência. Possui uma atmosfera gótica e poética, que evoca clássicas histórias de fantasmas, como O Morro dos Ventos Uivantes e A Volta do Parafuso. Segundo King, a inspiração para o conto veio de uma personagem real: uma idosa que viveu toda a vida em uma pequena ilha do Maine, sem nunca ir até a costa.

E é assim que a viagem chega ao final, caros passageiros. Podem tirar o cinto de segurança!

Tripulação de Esqueletos possui 22 trabalhos de King, incluindo notas do autor sobre cada um deles. É ou não é uma excelente coletânea, indispensável para qualquer fã? E não custa repetir: é um dos livros mais assustadores dele. Boa leitura!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tripulação de Esqueletos

Tripulação de Esqueletos (Skeleton Crew), lançado em 1985, foi um dos livros mais vendidos nos anos 80, e é uma das obras básicas para os fãs de Stephen King. Particularmente, este foi o único livro do autor que me deixou com medo, mas não é só por isso que ele é importante. Na verdade trata-se de uma coletânea que inclui contos, poemas e até um romance curto entre suas páginas. Ou seja, ele tem bastante energia de King investida, capaz de divertir o leitor por muitas e muitas horas.

Como veremos, alguns dos trabalhos incluídos no livro foram adaptados para o cinema e para a televisão. Sem mais delongas, vamos seguir viagem rumo ao assustador mundo de Tripulação de Esqueletos:

O Nevoeiro (The Mist)
O livro já começa arrebentando, com a história de um grupo de pessoas presas em um supermercado, ameaçadas pelas perigosas criaturas envoltas na misteriosa neblina que avança sobre a cidade. Publicada previamente na revista Dark Forces, em 1980, foi substancialmente modificada para o livro. É difícil decidir se O Nevoeiro é um romance curto ou um conto longo, mas o cineasta Frank Darabont não teve dúvida nenhuma ao transformar a narrativa em um dos melhores filmes de terror que se tem notícia, em 2008, e com um final diferente. Segundo King, a ideia para a história surgiu quando ele e seu filho foram ao supermercado logo depois de uma tempestade que causou um nevoeiro intenso na cidade – mas não há provas de que havia criaturas monstruosas nele.


Aqui Há Tigres (Here There Be Tygers)
Este conto curtinho é um dos mais antigos de King, escrito quando ele estava no colegial e publicado na revista Ubris, em 1968 (quando o autor tinha 21 anos, portanto). Narra o dia em que um garoto, em sala de aula e apertado para urinar, pede para a mal humorada professora para ir até o banheiro. No caminho ele se depara com algo bem inesperado e perigoso, e é quando vemos muito daquele humor macabro de King, que nos faz rir e suar frio. “Here There Be Tygers” é uma alusão ao aviso “Here There Be Dragons”, usado por cartógrafos na Idade Média para alertar sobre territórios inexplorados nos mapas. No filme A Metade Negra, uma personagem vê uma história bem parecida com a do conto. E há um conto de ficção científica de Ray Bradbury com o mesmo título.

O Macaco (The Monkey)
Só mesmo o talento do autor para explicar como ele conseguiu usar um brinquedo ridículo para escrever um dos contos mais assustadores de sua carreira. Na história, um daqueles irritantes macaquinhos de plástico, que ficam batendo dois pratos, causa a morte do infeliz que ouvir as batidas. Foi adaptado pelo próprio King como um episódio da série Arquivo X, mas de forma maquiada: lá o brinquedo deixou de ser um macaco e foi substituído por uma boneca. Particularmente, esta foi uma das poucas histórias de King que me fizeram perder o sono.

Caim Rebelado (Caim Rose Up)
Outra das histórias do autor escritas no seu tempo de garoto. Poderíamos dizer que King deve ter encontrado dias ruins na escola, e usou a literatura para canalizar suas frustrações. Mas este conto é baseado na história de Charles Withman, um estudante que, em 1966, disparou seu rifle na universidade do Texas, matando 16 pessoas e ferindo 32. Vários elementos da trama podem ser vistos no livro Rage, que King escreveu sob o pseudônimo de Richard Bachman, e que hoje não é mais impresso, devido às semelhanças com os casos reais de chacinas em escolas americanas. O conto é forte, como um tiro certeiro em direção ao leitor.

O Atalho da Sra. Todd (Mrs. Todd’s Shortcut)
Um dos meus contos favoritos do livro, sobre uma mulher obcecada por encontrar atalhos, até que começa a descobrir caminhos alternativos que encurtam suas viagens de forma impossível. Possui um impagável clima de Além da Imaginação.

A Excursão (The Jaunt)
E por falar em Além da Imaginação, a história seguinte foi justamente publicada na Twilight Zone Magazine, em 1981. É um conto de ficção científica, com terror. No século 24 é possível viajar grandes distâncias por teletransporte, mas o passageiro precisa estar inconsciente durante o procedimento, ou as consequências podem não ser nada agradáveis. É claro que algum personagem curioso vai querer descobrir isso na prática, e o que temos é um dos pontos altos da nossa viagem junto à Tripulação de Esqueletos.

A Festa de Casamento (The Wedding Gig)
King traz uma história que se passa no mundo da máfia, durante a Lei Seca. É interessante a construção e o crescimento da tensão neste conto, que vai aos poucos preparando o leitor para o dramático e caótico ato final. É um exemplar do terror real, onde as criaturas monstruosas são os próprios humanos.

Paranóico: Um Canto (Paranoid: A Chant)
Um poema de Stephen King. Isto mesmo, um poema (e não é o único do livro). Traduzido, ele perde as rimas e o ritmo do original, mas ainda assim vale como uma história claustrofóbica sobre a mente perturbada de um esquizofrênico, que acredita ser observado 24 horas por dia por pessoas que querem matá-lo. Foi transformado em um curta, que pode ser assistido no Youtube.


A Balsa (The Raft)
História que já foi levada ao cinema, como um dos segmentos de Creepshow 2, mas com final diferente. Apresenta quatro jovens que vão nadar em um lago e são atormentados por uma estranha mancha de óleo canibal (!). No livro, King conta um caso interessante: ele havia escrito uma versão um pouco diferente da história, chamada The Float. Pouco depois de conseguir um contrato para publicá-la na revista Adam, em 1969, ele foi preso em uma pequena cidade do Maine, por retirar da estrada alguns cones de sinalização, depois que um deles danificou seu carro. Naquele momento, King não tinha em mãos os $ 250 para pagar a fiança e teria que passar 30 dias na prisão. Foi exatamente quando ele recebeu, pelo correio, o cheque pela publicação de The Float – evento que ele chamou como “receber uma verdadeira carta Saia da Prisão”, em referência ao jogo Banco Imobiliário. Apesar do fato, ele nunca conseguiu achar uma cópia da revista que traria o conto.


O Processador de Palavras dos Deuses (Word Processor of the Gods)
Nos anos 80 uma das poucas coisas que os computadores faziam era servir para digitação (algo como se, hoje em dia, o único programa que você pudesse usar em seu notebook fosse o Word). Por isso eram chamados de “processadores de texto”, e também eram grandes e lentos. Com isso, King criou uma interessante história sobre um computador que pode criar tudo aquilo que for nele digitado, e apagar do mundo real as palavras que forem por ele deletadas. É claro que um personagem que tem uma esposa e um filho horríveis, e que recentemente perdeu o sobrinho brilhante (inventor da máquina) vai fazer bom uso deste processador. Foi adaptado para a TV na série Tales From the Darkside, de 1984.


O Homem Que Não Apertava Mãos (The Man Who Would Not Shake Hands)
Com profundas ligações com o segmento O Método Respiratório, do livro Quatro Estações, este é um conto de terror de estilo clássico. Será que você consegue descobrir o motivo que leva aquele homem a nunca apertar as mãos de ninguém? É óbvio que não é apenas por falta de educação! Conto inspirado no universo da história A Pata do Macaco, de W.W. Jacobs.

A viagem está empolgante, não? Você está confortável em sua poltrona? Pois agora a tripulação quer fazer um lanchinho rápido (cuidado, pois eles podem querer comer você!) e vamos fazer uma pequena parada. Nossa assustadora jornada termina no próximo post do Grafias Noturnas. Clique aqui.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Promoção Stephen King II - Tripulação de Esqueletos

Conforme vocês mesmos escolheram através da enquete, o livro a ser sorteado em dezembro no blog Grafias Noturnas será Tripulação de Esqueletos, de Stephen King.
Para participar, desta vez será preciso:
1) Ser seguidor do blog;
2) Ser meu seguidor no Twitter: @grafiasnoturnas (É o mesmo twitter que eu usava antes, apenas mudei o nome. Quem já me seguia no @luizrie permanece como seguidor deste)
3) E dar RT na divulgação desta promoção (ou divulgar o link deste post).

O sorteio será realizado na primeira semana de 2011.
No próximo post vamos tratar detalhadamente deste grande livro de contos do mestre do horror. E afinal, por que Tripulação de Esqueletos é uma das obras mais importantes de King?