terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Dicas para concursos de contos

Neste ano tomei uma decisão difícil: resolvi desistir de participar do concurso de contos da Associação de Escritores de Bragança Paulista – o mesmo que eu já venci por duas vezes, e que desta vez pagaria R$ 2.000 ao vencedor (nas edições anteriores não havia premiação em dinheiro). Desde 2003 eu vinha participando de todas as edições, nas quais obtive duas vitórias e duas menções honrosas. Mas meu motivo para a desistência foi importante: eu aceitei participar como jurado do concurso!

Foi uma experiência enriquecedora, mas enquanto alguns contos me deram muito prazer ao lê-los, outros desafiaram minha paciência.

Analisando os maiores problemas que observei, resolvi elaborar algumas dicas para que os candidatos se saiam melhor nas próximas tentativas. Espero que seja útil!

1- Cuidado com a gramática.
Cansei de ver erros grosseiros de ortografia, sendo que o mais comum é a falta de senso ao usar vírgulas. Nenhum jurado vai querer dar o primeiro lugar a um conto que tenha esse tipo de problema, mesmo que seja uma ótima história. Portanto, se você tiver alguma dúvida sobre como escrever uma palavra ou frase, use o dicionário, ou uma gramática. Se a dúvida persistir, encontre outra maneira de dizer o que pretende.

2- Economize.
Não perca tempo descrevendo aspectos físicos e a roupa dos personagens, a não ser que isso seja importante para a lógica da história. Não é preciso nem citar o nome da cidade onde se passa a trama, e nem mesmo o do protagonista, caso não seja essencial. Todas essas nominalizações e descrições desnecessárias passam a ideia de que o autor só está enchendo linguiça. O que importa no conto é o fato que está sendo narrado. Na verdade, tudo o que não for extremamente necessário deve ser limado do texto. Por que levar seu personagem até certo lugar, se aquilo não vai levar a história adiante?

3- Não encha de diálogos.
Na dúvida, não escreva diálogo algum, porque na maioria das vezes eles só estragam o conto. Eles precisam ser curtos, diretos, relevantes e ter profundidade: de preferência as falas devem possibilitar mais de uma interpretação, apontando para aspectos psicológicos do personagem, senão correm o risco de parecerem tolas.

4- Aprenda a digitar um travessão.
Um erro muito mais comum do que eu imaginava.
− Isto é um travessão.
_ Isto aqui não é!

5- Não tente parecer sábio e intelectual.
Evite palavras difíceis e divagações filosóficas. Um conto narra um fato. Ninguém quer ler sobre crises existenciais, problemas sociais e conflitos de personalidade se isso não vier no corpo de uma bela história, com personagens interessantes, surpresas na narrativa e uma narração envolvente. Eu não tive dúvidas: dei notas baixas a todos os textos que me deram sono.

6- Leia o regulamento dos concursos.
Tivemos que desclassificar vários participantes que enviaram menos cópias do que foi solicitado, ou que ultrapassaram o limite de caracteres estabelecido. Teve até quem mandou poema, sendo que o concurso era de prosa.

7- Seja original.
Não imite, não copie e nem pense em plágio.

8- Seja verossímil.
Cansei de me desapontar com contos porque narravam coisas decididamente impossíveis. Note que uma história pode trazer máquinas do tempo, monstros de nove cabeças, sapos falantes e ainda assim ser verossímil. Mas se um personagem traz um pensamento ou comete um ato que não combina com o contexto, isso pode fazer o conto parecer idiota. E o autor também.

9- Cultive a simplicidade.
Às vezes é difícil colocar no papel uma ideia mais complexa, e isso pode levar o leitor a não compreender muito bem o que está lendo. Se você for menos ambicioso, terá mais chances de atingir o coração do leitor.

10- Capriche no começo e no final do conto.
Principalmente no final. Se o início foi empolgante, faça o leitor entender que aquilo era só uma pequena amostra do que viria no fim da história. Acabe dando uma porrada no leitor, ou então fazendo ele chorar, ou deixe-o com raiva. Faça alguma coisa que mexa de verdade com as emoções de quem leu sua história, como se fosse um tiro de misericórdia, de modo que ele pense “Puxa, valeu a pena ler este aqui!”.

E por fim, aproveite a chance da sua vida. Se você vai escrever um conto, mesmo que de poucas páginas, procure investir bastante neste curto espaço. Crie uma narrativa bem elaborada, com começo, meio e fim. Não desperdice papel com uma porcaria, sendo que há dentro de você a vontade e a capacidade de contar uma bela história.

2 comentários:

  1. Adorei as dicas. Principalmente porque acho que as sigo. Mais ou menos. As vezes gosto de brincar com as vírgulas, abrem novos sentidos. Não sei se jurados de concurso gostam disso, mas eu sim...rsrs. Nunca submeti meus contos a um concurso, mas estou pensando na idéia. Veremos no que vai dar..

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  2. Já tentei me inscrever em varios concursos. Nada. nem incrição fiz. não entendo nada do que dizem.
    Tenho um blog de contos. simples, de 3 a 7 paginas. Tem uma boa frequencia.
    Se tiver um tempinho e visitá-lo e dar uma opinião ficarei grato.
    Meu abraço
    http://contosdoosvaldo.blogspot.com
    meu email elioso@terra.com.br

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