The Cove (em português, A Enseada) é uma obra fenomenal. Um dos favoritos ao Oscar de documentário em 2010, apresenta uma cidade litorânea japonesa cuja economia gira em torno da exploração dos golfinhos que, durante 6 meses a cada ano, chegam em correntes migratórias. O diretor é um ativista dos direitos dos animais, e ele ficou sabendo da história aqui retratada através do homem que foi o responsável pelo sucesso da série Flipper, dos anos 70.
Esta famosa série fez com se generalizasse em todo o mundo o interesse pelos golfinhos, mostrando-os como dóceis, inteligentes e sempre felizes. Centenas de parques aquáticos com golfinhos adestrados surgiram desde então, gerando uma economia de bilhões de dólares. Porém, depois de anos neste trabalho, o treinador percebeu que os animais estavam sendo submetidos ao terrível estresse ocasionado pelo ensurdecedor barulho desses locais, associados à vida em cativeiro, e nos últimos 35 anos ele tem dedicado sua vida a melhorar a qualidade de vida deles. Nem que para isso precise enfrentar polícia, autoridades e invadir propriedades particulares para libertar as criaturinhas.
O doc concentra-se nos esforços da equipe de filmagem em mostrar imagens do massacre que acontece em Taiji. Lá os golfinhos são capturados e os "melhores" são vendidos aos parques aquáticos, mas aqueles que "sobram" são mortos de forma cruel, um a um, e sua carne é vendida, inclusive para escolas. O filme mostra que os próprios japoneses não sabem que estão comendo golfinhos (cuja carne contém alto índice de mercúrio), o que seria escondido pelo próprio governo, em uma atitute conspiratória.
Essa equipe que fez o filme é retratada como aquela de Onze Homens e um Segredo, com participantes geniais em suas especialidades, e todos interessados em denunciar o massacre. Mergulhadores, técnicos em efeitos especiais e viciados em adrenalina fazem parte do grupo, e se dirigem até a cidade japonesa, onde a segurança é reforçada, com áreas altamente proibidas de se filmar ou fotografar.
Munidos de engenhocas brilhantes (como falsas pedras com câmeras escondidas), eles se aventuram durante a madrugada pelos parques nacionais, justamente nas regiões onde seriam presos caso fossem pegos, a fim de instalar os equipamentos de filmagem. Acho que deu para perceber que o filme tem suspense, é muito divertido e tem um ritmo que nunca cai, inclusive trazendo empolgantes imagens dos golfinhos no fundo do oceano, de um grande lirismo.
Porém, o maior mérito da obra é seu caráter de denúncia, visando conscientizar. É certo que as imagens finais do filme (que mostram apenas um dia do terrível massacre), dificilmente sairão da cabeça do espectador. São de obras assim que o mundo precisa: que fazem as pessoas e o mundo mudarem, para melhor.
Um dos grandes filmes que assisti esse ano, e que deveria ser visto por todos.
Olha ... parece bom, vou procura-lo.
ResponderExcluirbom resto de domingo!
Valei, amiga! Procure-o mesmo. Bj!
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