Onde Vivem os Monstros é um livro infantil que, com gravuras e apenas 338 palavras, encanta tanto as crianças como os adultos. É a singela história de um menino chamado Max que passa dos limites, vestido com sua fantasia de lobo, e é mandado de castigo para o quarto por sua mãe, que o chama de monstro ("wild thing" no original). Sozinho, ele imagina que o quarto se transforma em um mundo habitado por monstros, onde ele é o rei. Depois de divertir-se horrores com eles, percebe que não é tão bom ficar apenas com aquelas criaturas, e volta para o contato amigável com sua mãe.
É possível fazer inúmeras interpretações da obra, principalmente do ponto de vista freudiano, o que o torna ainda mais encantador. Pois o diretor Spike Jonze (de Quero Ser John Malkovich e Adaptação) resolveu transformá-la em um filme, cujo resultado deverá dividir as opiniões.
No roteiro de Jonze, Max surge como um menino que sofre com o distanciamento de sua irmã adolescente e de sua mãe viúva. Quando sente-se injustiçado, desconta a raiva desarrumando e sujando o quarto da irmã, e fazendo malcriações na frente do namorado da mãe, para chamar a atenção. A fantasia de lobo surge como uma forma de dar vazão às suas emoções mais primitivas — um lado que todos nós temos.
Mudando detalhes do livro, o Max do filme tem uma briga com a mãe e foge de casa. Então é a rua que se transforma em uma floresta e, posteriormente, em uma ilha habitada por monstros, que o coroarão como rei deles. A essência do livro é a mesma.
O diretor, que fez sucesso com roteiros considerados "infilmáveis", mostra que o negócio dele é mesmo fazer filmes estranhos e pouco convencionais. Tanto que insistiu em levar para as telas uma história infantil, mas sem buscar atingir esse público. É claro que as criaturas são engraçadinhas (bonecos mecânicos dublados por atores famosos - nada de efeitos de computação), alguns lembrando espécies de Ewoks enormes, mas o tom de Onde Vivem os Monstros é melancólico e sombrio. Algumas brincadeiras que Max e os monstros fazem chegam a assustar pela violência, como quando ficam fazendo guerras de atirar pedras, ou até mesmo quando um arranca o braço do outro em um momento de fúria. E só mesmo um adulto é capaz de entender que toda essa parte da história se passa somente dentro da cabeça do menino.
Foi interessante a ideia do diretor mostrar momentos do cotidiano do garoto nos primeiros minutos do filme. Assim ficamos sabendo que determinados monstros são as representações de sua irmã, de sua mãe e dele próprio. Também notamos que os bichos são, na verdade, os bonecos e ursos de pelúcia que estão espalhados pelo quarto, e que o imenso forte construído por eles é a cabaninha que Max montou com um cobertor.
O design da produção é fantástico, imitando as nuances dos traços do desenhista do livro, e a fotografia é belíssima. A cena final, apesar de divergir da presente no livro, traz o mesmo tom, capaz de surtir um efeito muito parecido no público.
Mesmo assim, Onde Vivem os Monstros é um filme um pouco difícil. Talvez os adultos não se interessem por uma história que mostra a relação de um garoto com monstros, e as crianças achem os diálogos muito monótonos e incompreensíveis. Sabemos que os produtores não gostaram da versão inicial entregue por Jonze, que teria ficado muito sombria para um filme infantil, e ele teve que fazer inúmeras alterações para agradá-los. O resultado é um filme, no mínimo, diferente, que pode funcionar para alguns e não para outros.
Experimente assistir. Mas não deixe de conferir o livro, que é sem dúvidas uma pequena obra-prima.
É possível fazer inúmeras interpretações da obra, principalmente do ponto de vista freudiano, o que o torna ainda mais encantador. Pois o diretor Spike Jonze (de Quero Ser John Malkovich e Adaptação) resolveu transformá-la em um filme, cujo resultado deverá dividir as opiniões.
No roteiro de Jonze, Max surge como um menino que sofre com o distanciamento de sua irmã adolescente e de sua mãe viúva. Quando sente-se injustiçado, desconta a raiva desarrumando e sujando o quarto da irmã, e fazendo malcriações na frente do namorado da mãe, para chamar a atenção. A fantasia de lobo surge como uma forma de dar vazão às suas emoções mais primitivas — um lado que todos nós temos.
Mudando detalhes do livro, o Max do filme tem uma briga com a mãe e foge de casa. Então é a rua que se transforma em uma floresta e, posteriormente, em uma ilha habitada por monstros, que o coroarão como rei deles. A essência do livro é a mesma.
O diretor, que fez sucesso com roteiros considerados "infilmáveis", mostra que o negócio dele é mesmo fazer filmes estranhos e pouco convencionais. Tanto que insistiu em levar para as telas uma história infantil, mas sem buscar atingir esse público. É claro que as criaturas são engraçadinhas (bonecos mecânicos dublados por atores famosos - nada de efeitos de computação), alguns lembrando espécies de Ewoks enormes, mas o tom de Onde Vivem os Monstros é melancólico e sombrio. Algumas brincadeiras que Max e os monstros fazem chegam a assustar pela violência, como quando ficam fazendo guerras de atirar pedras, ou até mesmo quando um arranca o braço do outro em um momento de fúria. E só mesmo um adulto é capaz de entender que toda essa parte da história se passa somente dentro da cabeça do menino.
Foi interessante a ideia do diretor mostrar momentos do cotidiano do garoto nos primeiros minutos do filme. Assim ficamos sabendo que determinados monstros são as representações de sua irmã, de sua mãe e dele próprio. Também notamos que os bichos são, na verdade, os bonecos e ursos de pelúcia que estão espalhados pelo quarto, e que o imenso forte construído por eles é a cabaninha que Max montou com um cobertor.
O design da produção é fantástico, imitando as nuances dos traços do desenhista do livro, e a fotografia é belíssima. A cena final, apesar de divergir da presente no livro, traz o mesmo tom, capaz de surtir um efeito muito parecido no público.
Mesmo assim, Onde Vivem os Monstros é um filme um pouco difícil. Talvez os adultos não se interessem por uma história que mostra a relação de um garoto com monstros, e as crianças achem os diálogos muito monótonos e incompreensíveis. Sabemos que os produtores não gostaram da versão inicial entregue por Jonze, que teria ficado muito sombria para um filme infantil, e ele teve que fazer inúmeras alterações para agradá-los. O resultado é um filme, no mínimo, diferente, que pode funcionar para alguns e não para outros.
Experimente assistir. Mas não deixe de conferir o livro, que é sem dúvidas uma pequena obra-prima.
Fiquei encantada com os monstros quando os vi no trailer, talvez o filme não seja bom (ainda vou conferir) mas a direção artística esta de parabéns.
ResponderExcluirSim, isto é o melhor do filme. A força física dos monstros, o alcance de seus saltos e a resistência que apresentam são um show à parte.
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